A Librotea, página especializada em recomendações de livros do jornal “El País”, publicou uma seleção com os maiores anti-heróis da literatura mundial. Esses personagens, “apesar de representar a antítese do socialmente desejado, exercem polos de atração irresistíveis”. Alguns mais do que outros, são responsáveis por eternizar as obras que protagonizam. Entre os selecionados destacam-se: Lázaro, de “A Vida de Lazarilho De Tormes” (1554), cujo autor é desconhecido; Holden Caulfield, de “O Apanhador no Campo de Centeio” (1951), de J. D. Salinger; e Woland, o satã de “O Mestre e Margarida” (1967), do escritor Mikhail Bulgákov. Os comentários das obras são adaptados das sinopses das editoras.
Considerado por muitos o germe do romance moderno, sobretudo das longas narrativas em primeira pessoa, “A Vida de Lazarilho De Tormes” é o primeiro romance picaresco da literatura universal. Nas suas páginas, o protagonista Lázaro, um homem miserável que vive em um reino espanhol do século 16, passa seus dias lutando contra o azar e procurando algo com que saciar o estômago. Trabalha para diversos amos e senhores, todos os quais lhe dão menos comida do que ele carece.
Ignatius J. Reilly, protagonista de “Uma Confraria de Tolos”, é preguiçoso, egocêntrico e desagradável. Um herói solitário em sua cruzada contra a modernidade. Ele desbrava as ruas da cidade americana de Nova Orleans, nos anos 1960, e enfrenta todo o tipo de tolos, malandros, aproveitadores e policiais desonestos. Por insistência da mãe, busca um emprego, mas cada uma de suas tentativas o leva a uma sucessão de desventuras.
Holden Caulfield é um jovem de 17 anos, estudante de um respeitado internato para rapazes, o Colégio Pencey. Ele é expulso da escola depois de tirar notas ruins, e precisa voltar mais cedo para casa no inverno. Durante o caminho de volta, o rapaz busca adiar ao máximo o encontro com os pais, fazendo uma viagem reflexiva sobre sua curta vida, a partir de sua peculiar visão de mundo.
“O Grande Gatsby” é ambientado na sociedade americana da década de 1920, que ficou conhecida como a era do jazz. Sob a visão do narrador Nick Carraway, que se muda para a casa ao lado, é apresentado ao leitor o mundo de extravagância e luxo de Jay Gatsby. Um misterioso milionário, materialista e deslumbrado, que busca a atenção de um antigo amor, Daisy Buchanan.
Para se livrar do pai bêbado e violento, o garoto Huckleberry Finn se refugia em uma pequena ilha do rio Mississippi. No local, ele conhece Jim, um escravo fugido, que se torna o seu aliado. Em busca de liberdade, a inusitada dupla se lança numa viagem pelo leito do rio, às margens da sociedade pré-Guerra Civil Americana.
“O Mestre e Margarida” é ambientado na Moscou dos anos 1930. O livro narra as peripécias de satã, que adota o nome de Woland, na cidade. Acompanhado de um séquito infernal — um gato falante e fanfarrão, um intérprete trapaceiro, uma bela bruxa e um capanga assustador —, seu caminho se cruzará com o dos amantes Mestre e Margarida.
Alexander Portnoy é um jovem advogado nova-iorquino, que faz uma longa confissão no divã de seu psicanalista. O rapaz é dotado de uma inteligência privilegiada, além de um dom de encarar a si mesmo com realismo e ironia. Contudo, o narrador-protagonista é totalmente incapaz de se livrar da ligação paralisante com a mãe, identificada logo de início como “o personagem mais inesquecível que conheci na minha vida”.
Terry Lennox poderia ter a vida ganha. Ex-veterano de guerra, casou-se com a milionária Sylvia Potter e não precisaria mais se preocupar com nada desde que fechasse os olhos para a devassidão escancarada da mulher. Ele, no entanto, se afunda na bebida. É assim que Philip Marlowe o encontra — caído, inconsciente —, e a partir daí ambos criam um estranho laço de amizade. Quando Lennox lhe pede para fugir do país em circunstâncias misteriosas, Marlowe aceita ajudá-lo, mas aos poucos se vê enredado a uma elite poderosa e desajustada.
Utilizando tons bíblicos e ecos de tragédias gregas, William Faulkner retrata em “O Som e a Fúria” a violenta decadência dos Compson, família aristocrática do sul dos Estados Unidos. Entre os personagens centrais está Quentin Compson, um filho inteligente, neurótico e introspectivo. A sua vida é narrada desde a infância até a morte prematura.
Otelo explora várias faces da alma humana. O protagonista — mouro, veterano de batalhas e representante militar de Veneza —, é guiado a situações extremas pelo ciúme infernal e enlouquecedor de sua amada: Desdêmona. Juntamente com “Macbeth”, “Hamlet”, “Romeu e Julieta” e “O Rei Lear”, “Otelo” é uma das obras-primas de Shakespeare.