A Librotea página especializado em recomendações de livros do jornal “El País” publicou uma seleção com os melhores romances em castelhano do século 20. Foram lembrados escritores de diferentes nacionalidades, da Espanha ao México. De acordo com a página, alguns dos autores citados, como Vicente Blasco Ibáñez, Ramón María del Valle Inclán, Pío Baroja e Francisco Ayala são “pedras angulares” da literatura hispânica do século passado. No entanto, também foram lembrados escritores injustamente esquecidos ao longo das décadas, como Concha Espina e Rosa Chacel. Os comentários dos livros são adaptados das sinopses das editoras.
A obra-prima de Gabriel García Márquez narra a incrível e triste história da família Buendía, que vive na pequena e fictícia Macondo, ao longo de um período de cem anos. A trama acompanha as diversas gerações da família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo em que vivem.
O enredo do livro se desenvolve no Colégio Militar Leoncio Prado, em Lima, onde um violento código de conduta permeia o cotidiano dos cadetes. Vindos de todos os pontos do Peru, a maioria de origem humilde, os internos são obrigados a sobreviver a um ambiente brutal e hostil, onde a justiça quase nunca prevalece.
O livro retrata a história de onze jovens madrilenos que decidem passar o dia no campo, ao lado do rio Jarama, em um domingo de verão. Ele é considerado um marco da literatura espanhola pós-guerra, e uma referência do realismo social.
Andrea é uma jovem solitária que, logo depois da Guerra Civil Espanhola, muda-se para Barcelona para morar na casa da avó e cursar a faculdade de letras. Ela chega à cidade cheia de expectativas, mas a realidade a assusta logo no primeiro dia, ao travar contato com a família.
Pablo Klein retorna à província onde passou a infância para trabalhar como professor. No local, ele começa a se relacionar com diferentes pessoas, principalmente seus jovens alunos. Ele, então, começa a observar a rotina de hipocrisia e conservadorismo vivida por todos, que reflete a realidade pós Guerra Civil espanhola.
O livro narra as histórias paralelas de sete personagens com o mesmo nome que vivem em Barcelona e nas redondezas da cidade: um senhor que participou da guerra, um menino triste cuidado pelos avós, um homem acomodado, um casal de idosos, um peão e um universitário. Sem aparentar conexão inicial uns com os outros, os personagens na verdade estão interligados.
Neste surpreendente romance cada capítulo é aberto com uma extraordinária, e perfeitamente realizável, receita. Em torno delas, se aglutinam os comensais que as consomem, assim como se cozinham e coalham amores e desamores, risos e prantos — sobretudo os risos.
A trama é iniciada com a confissão de um assassinato. O artista plástico Juan Pablo Castel revela ter matado María Iribarne, mulher por quem cultivava uma estranha obsessão. Em primeira pessoa, o narrador conta todos os acontecimentos que antecederam o crime.
“O Jogo da Amarelinha” foi uma verdadeira revolução para os romances em língua espanhola. Trata-se de uma narrativa introspectiva sobre a história de Horacio Oliveira, um intelectual que mora em Paris, e que possui uma visão diferente da vida.
Ambientado em uma Barcelona de contrastes, “Últimas Tardes com Teresa” narra os amores de Manolo, típico expoente das classes marginalizadas, cuja maior aspiração é alcançar o prestígio social — e Teresa, uma bela garota loura e filha da alta burguesia catalã.
Em 1887, Onofre Bouvila, um rapaz pobre do campo, chega a Barcelona e obtém o seu primeiro trabalho como distribuidor de panfletos anarquistas para operários. A partir daí, o leitor assiste a espetacular ascensão social de Bouvila, que o converte, mediante métodos não muito ortodoxos, num dos homens mais ricos do país.
O livro convida o leitor a jogar, submetendo-o a um universo labiríntico. Vários personagens são apresentados, involucrados em uma grande mentira. Como em um jogo de xadrez, é preciso analisar estrategicamente cada passo narrativo para prever o xeque-mate.
Após a morte da mãe Juan Preciado volta à cidade de Comala para procurar o pai, Pedro Páramo. No entanto, ele descobre que o homem morreu há anos. Juan, então, começa a entrar em contato com diversos morados que tiveram contato com o pai dele em vida. Contudo, o rapaz descobre que todos escondem estranhos segredos.
O livro narra a história de Martín Zalacaín, um jovem que luta na Guerra Carlista no País Basco, comunidade autônoma da Espanha. Desde a infância, movido por lendas e tradições, o seu espírito combativo vem à tona. Quando alcança a juventude, ele, então, decide alistar-se e ir ao combate apenas com o objetivo de vencer por vencer.
Augusto Pérez é um homem frustrado, que leva uma vida muito rotineira. Tudo muda quando ele é deixado pela namorada, Eugênia, que foge com outro. Ao ver-se sem saída, ele decide procurar um conhecido escritor, Miguel Unamuno, para que ele lhe diga o que fazer. Miguel, entretanto, faz uma revelação: Augusto é um personagem de sua ficção.
No final do século 18, a vida de três jovens aristocratas cubanos sofre uma reviravolta com a chegada de um misterioso personagem, que tenta disseminar as ideias da Revolução Francesa em todo o Caribe. No romance, Alejo Carpentier recria toda uma época com minúcia arqueológica e reflete sobre os dilemas políticos da América Latina.
“A Colmeia” descreve a vida cotidiana em Madri de maneira muito transparente e sem conformismo. O autor, sai às ruas e registra a realidade nua e crua após a Guerra Civil Espanhola. Com mais de 300 personagens, a obra relata a humilhação, o desprezo, a pobreza e a falta de esperança em três bairros diferentes na década de 1940.
Uma família de campesinos, formada por Paco, Régula e seus quatro filhos, vive em uma humilde casa cedida pelos senhores de uma fazenda. Trabalhando duro e suportando humilhações sem nenhuma queixa, a única aspiração dos pais é de que os filhos consigam estudar.
Ambientada em Región, um território fictício localizado na Espanha, toda a trama transcorre durante uma noite. Durante o curto período, o doutor Daniel Sebastián, que cuida do enteado que enlouqueceu com a ausência da mãe, recebe a visita de uma mulher misteriosa.
Em “Mortal e Rosa”, Francisco Umbral evoca a morte de seu filho. Desde a inóspita revelação da perda, o escritor constrói um longo monólogo em que a morte converte o seu pesadelo humano numa força catártica e libertadora. Umbral procura o reencontro na evocação, e cada sensação narrada é um superar da existência inerte, cada objeto uma desculpa para a reflexão.
Teresa Aguilera, de volta da viagem de lua-de-mel, vai almoçar na casa da família. Durante o almoço, se levanta, vai até o banheiro e se mata, disparando no peito com a pistola do pai. Juan, filho da irmã de Teresa, desejou não saber o motivo da morte da mulher, mas acabou descobrindo.
O livro conta a saga da turbulenta e numerosa família Trueba, formada por um patriarca angustiado e mulheres clarividentes. Trata-se de uma narrativa que se alimenta de si mesma e parece tender ao infinito. É no seu desfecho que se alcança o efeito trágico da obra cujo limite não é o esgotamento das narrativas, mas um golpe de Estado que metamorfoseia as narrativas em sangue nas sarjetas e as palavras em silêncio.
Um velho camponês da Calábria chega à casa de seus filhos em Milão para submeter-se a uma nova revisão médica. Ali descobre seu último amor: o neto. Ali ele vai viver também sua última paixão: o amor de uma mulher, um amor que cobre com sua luz os últimos momentos de vida.
Arturo Belano e Ulises Lima são dois poetas marginais, que estão atrás dos rastros de uma misteriosa poeta vanguardista que desapareceu no México. Na primeira parte, escrita em forma de diário, o leitor acompanha as andanças dos dois. Já a segunda é composta por dezenas de “depoimentos” que reconstituem a trajetória da dupla após 20 anos.
O livro conta a história de Tina Modotti, fotógrafa, modelo e ativista política revolucionária italiana. Acusada do assassinato de Julio Antonio Mella, seu amante cubano, ela fugiu para a União Soviética e depois para a Europa. No continente, se tornou uma agente secreta e uma enfermeira sob um nome falso.
“Tirano Banderas” narra a queda do ditador sul-americano Santos Banderas, que governa a região fictícia de Santa Fé da Terra. Como um bom ditador, ele se mantém no poder utilizando artifícios cruéis e opressivos. No entanto, um movimento revolucionário coloca o seu poder em xeque.
Álvaro Mendiola é um fotógrafo de Barcelona exilado em Paris. Ele retorna doente para a Espanha no verão de 1963. Ao chegar a sua terra natal, reencontra as paisagens e as pessoas de seu país oprimidos pela ditadura franquista. Ele, então, começa a rememorar sua infância e juventude, e as antigas relações familiares.
O romance é ambientando no início do século 20, no Paraguai. Miguel Vera, o narrador protagonista, mostra como os povos rurais tentam resgatar as suas tradições e a sua língua, alternando o espanhol com o guarani. Além da visão de Vera, a narrativa também é atravessada por relatos independentes, que ajudam a explicar os acontecimentos.
A trama é centrada em Artemio Cruz, um homem que participou das campanhas da Revolução Mexicana. Contudo, depois, traiu seus ideais, acumulou riquezas e poder, e agora está confinado a uma cama de hospital, recorda os episódios essenciais de sua vida. Passado, presente e futuro, como num espelho, se atravessam e dialogam entre si.
Ixtepec, um povo escondido no território mexicano, é quem conta a amarga história dos irmãos Moncada. Durante um sangrento episódio da guerra “cristera”, o sinistro general Francisco Rosas se apaixona por uma mulher chamada Julia. Sua obsessão cresce quando ela o abandona. A busca por um amor impossível e as ânsias de liberdade desatam uma tragédia.
O povoado de El Olivo se sustenta do cultivo de uvas e enfrenta sua decadência por ter se tornado um obstáculo para o crescimento da propriedade rural que lhe deu origem. Enquanto esperam que a chegada da eletricidade proporcione uma possibilidade de desenvolvimento para a região, os moradores oscilam entre o desejo de partir, os laços estabelecidos no passado e o medo do desconhecido.
Em “Três Tristes Tigres”, Guillermo Cabrera Infante faz uma celebração à noite cubana. O autor oferece um instigante passeio pelas ruas do bairro boêmio Las Rampas, com seus bares, cabarés e casas de shows. Uma infante viagem à capital cubana pré-revolucionária.
Ambientada na Guerra Civil Espanhola, “Los Hijos Muertos” conta a história de seres que habitam um bosque, suas relações, seus amores e sua luta contra a ordem estabelecida. O livro é considerado uma das principais obras de Ana María Matute.
Sayonara chegou a Tora, uma zona de prostituição, ainda pequena e foi acolhida por Todos los Santos, cafetina que a transformou na mulher mais desejada pelos trabalhadores do campo petrolífero próximo à cidade. Seu destino, porém, será de sofrimentos: ela se apaixona e se envolve com dois homens.
“La Calle de las Camelias” narra a vida de Cecília desde a infância. Abandonada por seus pais biológicos e criada por uma família adotiva, a menina cresce se sentindo estranha e perdida. Quando começa a se relacionar com diferentes homens, inicia uma viagem dolorosa e cruel, que lhe permitirá ser uma mulher completa.
Malena tem 12 anos quando recebe do avô, sem razão e sem direito algum, o último tesouro que sua família conserva: uma esmeralda antiga, em estado bruto, sobre a qual não pode falar com ninguém porque algum dia irá salvar a sua vida. Desorientada e perplexa, a menina resolve desbravar o labirinto dos segredos que pulsa sob a pele serena de sua família.
“El Metal de los Muertos” é um relato documental dos eventos que desencadearam a greve dos trabalhadores de 1917, na Espanha. Os grevistas lutaram contra práticas trabalhistas injustas adotadas por um conglomerado multinacional na mina de cobre mais antiga do país.
O romance histórico autobiográfico foi publicado por Arturo Barea durante o exílio na Inglaterra, entre 1940 e 1945. O autor dividiu a obra em três partes, que correspondem a períodos diferentes da sua solidão forçada: La Forja (1941), La Ruta (1943) e La Llama (1946).
O livro conta a história de duas meninas que vivem no Barrio de Maravillas, em Madri. Inocentes, as garotas refletem sobre a vida e os acontecimentos que as cercam. A trama é considerada um retrato fiel da capital espanhola no início do século 20.
Tonet vive uma intensa história de amor com Neleta, uma jovem que conhece desde pequeno. No entanto, o rapaz se vê obrigado a deixar a amada para lutar na guerra de Cuba. Ao retornar do conflito armado, ele descobre que Neleta se casou com um rico taberneiro.
“La Larga Marcha” retrata a Espanha desde a Guerra Civil até o fim do franquismo. No olhar narrativo de Rafael Chirbes, os incômodos mecanismos pessoais e coletivos da história espanhola são ampliados. Duas gerações caminham diante de um espelho que devolvem imagens diferenciadas.
O livro retrata a história do medo de ser amado, mas também é uma reflexão sobre a diferença entre as coisas que acontecem no espaço e aquelas que sucedem no tempo. Escrita em uma linguagem inovadora, estabelece a literatura como arma branca capaz de fazer aberturas na percepção de mundo do leitor.
Se ao acordar Simón Corona tivesse voltado para a sua casa, os crimes de Las Poquianchis teriam permanecido ocultos. No entanto, o destino tinha escrito outra história. O reencontro com Serafina Balandro, sua amante, lhe custará 48 balas e uma confissão ao inspector Teódulo Cueto.
“A Viagem Vertical” traz a história de Federico Mayol, homem de negócios bem-sucedido e parlamentar catalão aposentado, que aos 77 anos, vê seu mundo vir abaixo. Posto para fora de casa pela mulher, um dia depois de comemorarem as bodas de ouro, descobre que até o filho mais velho, o único de quem ainda se orgulhava, não passa de um frustrado na vida.
Em um edifício do século 19 vivem várias famílias, que enfrentam constantes pés-de-guerra entre seus membros. Um dia, ocorre um crime: um homem é assassinado em um dos apartamentos. A lista de suspeitos é grande, e a tensão entre todos se intensifica ainda mais.
O livro é fundador da cidade de Santa María, cenário para uma série de romances do uruguaio Juan Carlos Onetti. O universo que ganha vida na trama influenciou direta ou indiretamente grandes nomes da literatura, como Julio Cortázar e Mario Vargas Llosa. Suas páginas pedem a leitura atenta de quem descobre um mundo e mergulha em sua alma sem medo.
A trama conta a ascendência e a queda de um ditador em um país da América Latina. No entanto, não se trata apenas de um livro sobre a ditadura, como também constitui um dos relatos mais característicos e vigorosos de Francisco José Ayala, que demonstra as suas preocupações com a degradação da condição humana.
Um tradutor contra a história de sua vida e a história de sua família. Entre um assassinato e a Guerra do Golfo, as experiências de cada personagens vão sendo remontadas. Ao mesmo tempo, a história da Espanha também ganha forma, como pano de fundo para o mosaico de personagens.
Pedro é um jovem médico pesquisador que vive em Madri nos finais da década de 1940. A situação econômica e social impede que as pesquisas sobre o câncer que ele realiza continuem avançando. Muecas, parente de um auxiliar de seu laboratório, pode ajudá-lo a reverter a situação. No entanto, o contato com o homem desencadeará uma série de situações inesperadas.
Pueblanueva del Conde, vila costeira da Galícia, vê como os ares de mudança social e econômica começa a alterar sua tradicional ordem secular. Os velhos senhores de terra cedem espaço aos novos senhores que passaram a deter o dinheiro. Neste contexto, o regresso de Carlos Deza, último de la estirpe de los Churruchaos, é visto como última possibilidade de reverter de vez a supremacia dos poderosos locais.