Gilberto Freyre, o inimigo do politicamente correto

Gilberto Freyre, o inimigo do politicamente correto

Gustavo Mesquita, doutor em História pela USP, venceu o 6º Concurso de Ensaios sobre Gilberto Freyre com o trabalho “Gilberto Freyre e o Estado Novo: Região, Nação e Modernidade”, publicado pela Editora Global. Nesta entrevista ele explica o apelido “vitoriano dos trópicos” dado a Freyre e sua relação com figuras como Getúlio Vargas, Florestan Fernandes e Oscar Niemeyer. Também destaca a relação de Freyre com os movimentos negros, sua visão acerca do sobrenatural, vocação para a polêmica e muito mais.

O que significa ser um vitoriano dos trópicos?

Seu trabalho, premiado no 6º Concurso Nacional de Ensaios sobre Gilberto Freyre, trata das relações de Freyre com o Estado Novo. Em linhas gerais, quais foram essas relações?

Freyre chegou a se encontrar pessoalmente com Vargas?

Gilberto Freyre
O sociólogo e escritor brasileiro Gilberto Freyre, em 1981

A noção de democracia racial defendida por Gilberto Freyre costuma ser acusada de ser uma desculpa para justificar o racismo. Isso é justo, simplificação, desonestidade intelectual ou os militantes simplesmente não entenderam o conceito?

Em sua famosa entrevista para a revista “Playboy”, Gilberto Freyre disse que alguns de seus amigos mais próximos eram muito chatos, como Oscar Niemeyer, Miguel Arraes e Rubem Braga. Justificou que certas pessoas são “mais interessantes escrevendo do que falando”. Essa frase serve para o próprio Gilberto Freyre? Ou seja, sabemos que Freyre foi um grande prosador, mas ele era chato ou um “papista” dos bons, como Ariano Suassuna?

Nessa mesma entrevista, Gilberto Freyre disse que Oscar Niemeyer, apesar de ser um arquiteto genial, era muito ignorante, que só falava por chavões e slogans comunistas. Aparentemente, o objetivo foi alfinetar o amigo dizendo que suas amarras ideológicas restringiam suas reflexões e mesmo leituras. Qual a relação do Gilberto Freyre com o Partidão? Havia diálogo?

Um dos livros mais divertidos de Freyre é “Assombrações do Recife Velho”. Dizem que ele afirmou ter visto um fantasma em certa ocasião. Hoje, sua casa recebe turistas para um “tour assombrado”. Como interpretar esse lado “místico” de Freyre? Ele era religioso? Abertamente supersticioso? Ou tudo é intriga da oposição?

Gilberto Freyre e o Estado Novo
Região, Nação e Modernidade (Global, 240 páginas)

Em mais de uma ocasião Gilberto Freyre menosprezou o trabalho de Caio Prado Júnior. Consta que certa vez chegou a dizer “quem é Caio Prado Júnior comparado comigo?”. O que motivou essa rivalidade? Aonde ela levou?

A rivalidade com Florestan Fernandes, que você estudou no doutorado, parece ter sido mais amistosa. É verdade ou só impressão?

Gilberto Freyre realmente almejava ser professor na USP? Florestan Fernandes teve alguma influência nisso?

Qual a diferença fundamental entre a visão racial de Freyre e a de Florestan Fernandes?

É possível dizer quem está certo?

Ademir Luiz

É doutor em História e pós-doutor em poéticas visuais.