Você já conferiu aqui na Bula os filmes argentinos que todo cinéfilo precisa conhecer. No entanto, nem só de produções cinematográficas vive o país vizinho. A literatura argentina também possui obras de grande importância não apenas para o país, mas também para o cenário literário mundial. Por isso, os editores da Bula decidiram realizar uma extensa pesquisa e reuniram em uma lista as obras fundamentais da literatura Argentina, que os leitores brasileiros precisam conhecer. Alguns destaques são “O Brinquedo Raivoso” (1926), de Roberto Arlt; “O Jogo da Amarelinha” (1963), de Júlio Cortázar e “Ficções” (1944), de Jorge Luis Borges. Os comentários foram adaptados das sinopses das editoras.
O livro é um clássico da literatura político-ideológica da América Latina. Ele traça um panorama crítico e histórico das lutas entre caudilhos e civilistas, campo e cidade, barbárie e civilização, na Argentina. É um misto de autobiografia e sociologia; uma obra literária de ficção, de história e de antropologia americana.
O poema narrativo de José Hernández é considerado o grande clássico da literatura argentina. A obra narra o caráter independente, heroico e sacrificado do gaúcho. Publicado originalmente em 1872, ele ganhou uma continuação em 1979, intitulada “A Volta de Martín Fierro”, em tradução livre.
O relato autobiográfico de Sílvio Astier rememora a própria adolescência do autor, recheada com seus rituais de iniciação e suas escolhas: a falsificação da figurinha mais difícil do álbum, a necessidade de procurar o primeiro emprego, pequenos furtos e gigantescos projetos nunca realizados.
Um fugitivo da Justiça, condenado à prisão perpétua, chega sozinho a uma ilha inabitada. Além de algumas construções abandonadas e de um maquinário de complexo funcionamento, não há nenhum sinal de ocupação humana. No entanto, um dia ele descobre que não está sozinho. Um misterioso grupo de veranistas aparece e se espalha pela ilha, pondo em risco seu anonimato.
Ficções reúne os contos publicados por Borges em 1941 sob o título “O Jardim de Veredas que se Bifurcam”, e outras dez narrativas. Nesses textos, o leitor se defronta com um narrador inquisitivo que expõe, com elegância e economia, suas conjecturas e perplexidades sobre o universo, o tempo, a eternidade e o infinito.
O romance de Ernesto Sabato é considerado um drama de cunho existencialista embutido em uma narrativa policial. A trama é iniciada com a confissão de um assassinato. O artista plástico Juan Pablo Castel revela ter matado María Iribarne, mulher por quem cultivava uma estranha obsessão. Em primeira pessoa, o narrador conta todos os acontecimentos que antecederam o crime.
O livro, considerado pela crítica um dos mais importantes do autor, reúne 17 contos. Um deles é “Aleph”, que dá nome à obra. A história fantástica é centrada em um sótão de uma casa argentina, de onde é possível assistir todo o universo.
Publicado em 1957, “Operação Massacre” narra os bastidores da ação policial que resultou no fuzilamento clandestino de doze civis acusados de conspirar contra o governo ditatorial que depusera Perón um ano antes. Ao empregar técnicas narrativas da ficção, esta reportagem inaugura o jornalismo literário na Argentina.
“Sobre Heróis e Tumbas”, o livro que consagrou Ernesto Sábato como um dos grandes romancistas do século 20, conta três história paralelas: a educação sentimental de Martín e seu amor por Alejandra; a fuga do general Juan Lavalle, herói da Independência, para o exílio; e a investigação de Fernando a respeito da diabólica Seita dos Cegos.
O Jogo da Amarelinha (1963), de Júlio Cortázar
A obra mais emblemática de Julio Cortázar, “O Jogo da Amarelinha” foi uma verdadeira revolução no romance em língua espanhola. Trata-se de uma narrativa introspectiva sobre a história de Horacio Oliveira, um intelectual que mora em Paris, e que possui uma visão diferente da vida.
“Museu do Romance da Eterna” conta a história de um homem que, depois da morte da esposa, decide deixar a cidade e refugiar-se no campo, em uma estância cujo nome é O Romance. Macedónio Fernández concluiu o livro no fim de sua vida, e não chegou a vê-lo publicado.
Publicado em 1980, quatro anos depois do golpe militar na Argentina, “Respiração Artificial” é primeiro romance de Ricardo Piglia. Escrito em plena vigência da censura, num estilo narrativo que mais disfarça do que mostra, a obra é considerada uma vitória luminosa sobre a repressão ao pensamento.
“As Noites de Flores” conta a história de Aldo e Rosita Peyró, um casal de meia-idade que, em meio à crise econômica que assombra a sociedade argentina, resolve entregar pizzas à noite no bairro de Flores. Além de despertar a curiosidade das pessoas pela idade pouco usual ao ofício, dominado por jovens motoboys, o casal também surpreende pela forma como faz as entregas: a pé.
O livro conta a história de um jovem sensível, filho de pais divorciados de classe-média, que vive em Buenos Aires. O protagonista se depara com uma encruzilhada entre sua sensibilidade e a formação política. Segue, então, em busca de uma trajetória, que é cruzada por um cantor de protesto, uma namorada chilena de direita, um oligarca torturado e um vizinho militar.
“Pássaros na Boca” reúne 18 contos que retratam situações cotidianas, mas que aos poucos assumem contornos perturbadores. São homens e mulheres, jovens e crianças diante de um mundo hostil em que, de um instante para outro, o que parecia normal deixa de ser.