Alguns livros raros movimentaram não apenas o cenário literário como também o mundo financeiro nas últimas décadas. Considerados verdadeiras relíquias e bastante estimados por colecionadores, eles foram adquiridos mediante o pagamento de cifras milionárias. A Bula selecionou os dez mais caros deles e os reuniu em uma lista. Além do preço elevado, as obras têm em comum uma importância história inestimável. Dentre as obras literárias mais valiosas do mundo, alguns destaques são os manuscritos do Código Leicester, de Leonardo da Vinci, datados do início do século 16; e a primeira coleção teatral de Shakespeare, o First Folio, lançada no início do século 17 — e que à época era vendida por apenas uma libra.
“Código Leicester” ou “Códice Hammer” é uma compilação de textos e ilustrações de Leonardo da Vinci, que data de 1508 a 1510. A obra inclui uma variedade de estudos de diferentes áreas, da meteorologia a paleontologia, além de textos autobiográficos e relatos de viagens. Em 1994, os escritos foram comprados pelo empresário Bill Gates pela bagatela de 30,8 milhões de dólares. O livro mais caro da história.
O livro religioso que data de 1188 foi encomendado pelo Duque da Saxônia e da Baviera Henrique, o Leão. A obra composta por 226 folhas de pergaminho foi criada para o altar da Catedral de Brunswick, uma igreja luterana localizada na Alemanha. Por ser considerado um importante documento histórico, a obra foi adquirida pelo governo alemão em 1893, que desembolsou 22 milhões de dólares.
O “Livro de Salmos da Baía”, em tradução para o português, foi o primeiro impresso em território americano, em 1640. Apenas 11 exemplares são conhecidos. Um deles foi leiloado em 2013 em Nova York e arrematado pelo banqueiro David Rubenstein por 14,2 milhões de dólares. Rubenstein, que estava na Austrália, fez os lances por telefone, e conseguiu comprar a obra rara.
Cópia em latim do Evangelho de São João, o “Evangelho de São Cuthbert” data do século 7 e é o manuscrito intacto mais antigo da Europa. A relíquia foi encontrada em 1104 no túmulo do bispo de Lindisfarne, que morreu em 698. Em 2012 ele foi comprado pela British Library por 9 milhões de libras, o equivalente a 14,2 milhões de dólares. A instituição arrecadou metade do valor por meio de doações após uma campanha.
Outro livro americano raro é extremamente valioso é o “Aves da América”, em tradução livre. Ele foi escrito — ou melhor, ilustrado, já que se trata de um livro de ilustrações — pelo naturalista John James Audubon. As primeiras publicações ocorreram entre 1827 e 1838. Uma de suas cópias, que datam da época, foi vendida em 2010 por 11,5 milhões de dólares. Não há detalhes sobre os compradores.
A primeira obra literária escrita em inglês, por Geoffrey Chaucer, data do fim do século 14. Ela é composta por relatos narrados por um grupo de peregrinos que viaja ao templo de São Tomás Becket, arcebispo da Cantuária, no Reino Unido, entre 1162 e 1170. Em 1998 o livro foi arrematado em um leilão após um lance de 7,5 milhões de dólares.
A primeira coleção de peças teatrais de Willian Shakespeare, lançada em 1623, foi leiloada em 2001 por 6 milhões de dólares. O comprador foi o cofundador da Microsoft, Paul Allen. Originalmente, as peças eram vendidas pelo dramaturgo ao preço de uma libra. Acredita-se que cerca de 750 cópias foram criadas à época, contudo apenas cerca de 200 delas sobreviveram aos dias atuais.
A Bíblia do Antigo Testamento impressa por Gutenberg em 1455 na Alemanha marcou o início da produção de livros em massa. Acredita-se que 180 cópias foram produzidas, 45 em pergaminho e 135 em papel. No entanto, apenas 48 sobreviveram à força do tempo. Em 1987 um dos exemplares foi vendido em Nova York por 4,9 milhões de dólares.
“Tratado Sobre Árvores Frutíferas”, em tradução livre, foi escrita pelo botânico Henri Louis Duhamel du Monceau e ilustrada por Pierre Antoine Poiteau e Pierre Jean François Turpin. A obra é composta por cinco volumes escritos em 1750, que retratam 16 espécies de árvores e seus frutos. Em 2006, uma de suas raras cópias foi comprada por 4,5 milhões de dólares.
Escrito na Inglaterra entre os anos 1250 e 1260, o Bestiário Northumberland, como o próprio nome indica, é um livro dedicado a catalogar bestas. A enciclopédia conta com definições e ilustrações de animais ferozes reais e imaginários, que são acompanhadas de fábulas e parábolas dedicadas a transmissão de preceitos morais. Em 1987, a obra foi vendida por 4,4 milhões de dólares.