A Revista Bula pediu aos seus leitores e colaboradores que apontassem os melhores livros de autores brasileiros lançados a partir de janeiro de 2017. Os dez mais votados foram reunidos em uma lista, que contempla obras de autores de díspares perfis e gêneros literários. Como é o caso do romance policial “Presos no Paraíso”, de Carlos Marcelo; os contos e memórias de Sérgio Sant’Anna, reunidos no livro “Anjo Noturno”; e a autoficção “Como se me Fumasse”, do escritor Marcelo Mirisola. A lista está organizada ordem alfabética pelo nome dos livros. Os comentários são adaptados das sinopses das editoras.
Acre, de Lucrecia Zappi
A solidez do casamento de Oscar é ameaçada pela volta de Nelson, ex-namorado de sua mulher e desafeto dos tempos de juventude. Recém-chegado do Acre, ele se muda para o mesmo prédio do casal, na Vila Buarque, próximo ao centro de São Paulo. Perdido entre a paranoia, o ciúme e as lembranças da adolescência nas praias de Santos na década de 1980, Oscar vaga por São Paulo esbarrando em feridas do passado e ameaças de violência que parecem sair das ruas e invadir o prédio em que mora.
A Hipótese Humana, de Alberto Mussa
O ano é 1854. Um crime misterioso assombra o então bucólico bairro do Catumbi: dentro da chácara de seu pai, Domitila é morta a tiros. Tito Gualberto, agente da polícia secreta e ágil capoeira, é contratado para investigar o assassinato. Em seu encalço, o novo romance de Alberto Mussa passeia pelos caminhos assombrados, pelas alcovas e pelas senzalas, pelas ruas escuras, estalagens e armazéns do Rio de Janeiro oitocentista.
Anjo Noturno, de Sérgio Sant’Anna
Nas nove narrativas reunidas em Anjo noturno, o autor explora um gênero híbrido, que abrange contos, memórias e novelas. Os temas são díspares e intrincados, como morte e vida, infância e velhice, paixão carnal e amor fraternal. O conto “Talk show”, por exemplo, narra a participação de um escritor em um programa de auditório, numa sucessão de situações embaraçosas e eletrizantes que se desenrolam tanto no palco quanto nos bastidores. Já em “Augusta”, ele relata o encontro entre um professor universitário e uma produtora musical numa festa em Copacabana.
A Noite da Espera, de Milton Hatoum
Nos anos 1960, Martim, um jovem paulista, muda-se para Brasília com o pai após a separação traumática deste e sua mãe. Na cidade recém-inaugurada, trava amizade com um grupo de adolescentes do qual fazem parte filhos de funcionários públicos de médio e alto escalão, bem como migrantes desfavorecidos moradores das cidades-satélites. As descobertas culturais e amorosas de Martim contrapõem-se à dor da separação da mãe, de quem passa longos períodos sem notícias.
As Perguntas, de Antônio Xerxenesky
Alina enxerga sombras e vultos desde criança. Doutoranda em história das religiões, ela se acostumou a considerar as aparições como simples vestígios de sonhos interrompidos. Certo dia, um telefonema da delegacia desarruma sua rotina. A polícia suspeita de que uma seita vem causando uma onda de surtos psicóticos. A única pista é um símbolo geométrico desenhado por uma das vítimas. Intrigada e ansiosa, Alina decide investigar por conta própria um mistério que a fará questionar os limites entre razão e religião, cultura e crença.
Como se me Fumasse, de Marcelo Mirisola
Escrito sob o impacto da morte dos pais do autor, o livro derruba de vez todas as fronteiras entre ficção, autoficção e memórias, passando por lugares tão díspares como a Praça Roosevelt, Espírito Santo do Pinhal e o fundo do mar em Florianópolis. A partir de uma conversa de bar em Buenos Aires e do terrível vaticínio de um “mago das celebridades”, o escritor-personagem desfia um verdadeiro acerto de contas com sua vida, seus amores e suas obsessões.
Noite Dentro da Noite, de Joca Reiners Terron
Durante uma brincadeira no colégio, um garoto bate a cabeça e entra em coma. Ele desperta sem saber ao certo quem é. Nos meses seguintes, ele vive a sensação intensa de que aquelas pessoas que cuidam dele não são seus pais. Todavia, os barbitúricos receitados pelo médico confundem seu raciocínio e o garoto vai aos poucos perdendo as certezas que alguém de 11 anos pode ter.
O Fogo na Floresta, de Marcelo Ferroni
A vida não deu a Heloísa as oportunidades que ela merecia, mas ela enfrenta bravamente as adversidades e, como boa brasileira, segue em frente. Apesar das agruras domésticas, das injustiças no trabalho, das desventuras da maternidade, das amigas invejosas, do marido sem graça, das prestações por pagar, da implicância da sogra, dos colegas incompetentes e do irmão desalmado, ela persevera na busca da felicidade a que tem direito.
Presos no Paraíso, de Carlos Marcelo
Tobias, historiador que vive entre a expectativa do futuro e as angústias do passado, narra em primeira pessoa sua incursão no arquipélago de Fernando de Noronha para elaborar roteiros turísticos. Ele integra a bem montada galeria de personagens na qual se destaca também o delegado Nelsão, responsável pela investigação de duas mortes misteriosas, com seus cacoetes investigativos e sua compulsão gastronômica.
Trilogia do Adeus, de João Anzanello Carrascoza
No primeiro livro da trilogia, “Caderno de Um Ausente”, o pai João escreve uma longa carta para a filha recém-nascida, Beatriz, para o caso de não estar presente no futuro dela. Já no segundo volume, “Menina Escrevendo Com Pai”, é Bia quem responde, narrando a vida e o relacionamento dos dois. Por fim, em “A Pele da Terra”, Mateus, filho mais velho de João e irmão de Bia, narra sua relação com próprio o filho, outro João, durante uma peregrinação.