Ser religioso e não estudar a religião que se pratica gera, a meu ver, uma fé sem bases sólidas, sem argumento: “acredito porque tenho fé”, dizem. E por quê tem fé? Ou se tem o silêncio ou uma resposta feita apenas de questões pessoais ou de tradição familiar.
Eu me sinto muito feliz de ter sido ateu e ter voltado a acreditar em Deus a partir da leitura atenciosa e humilde (estudar é gesto humilde, tanto que se faz de cabeça baixa) que fiz de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino; depois, lendo a Santa Teresa D’Ávila, São Francisco de Assis e São João da Cruz. Eles me levaram, mais uma vez, à “Bíblia”, que é a espinha dorsal do pensamento religioso cristão.
Pelo menos a “Bíblia” deve ser lida, ao menos uma vez, por todos, inclusive pelos ateus. Poucos livros são tão poderosos no seu conjunto e atuação na formação dos hábitos, crenças e costumes do ser humano, especialmente os do Ocidente.
Pode ter certeza, ateu ou cristão, algum traço (que seja um apenas) de sua personalidade/caráter/valor/princípio veio da “Bíblia”; é preciso conhecê-la, até mesmo para contestá-la, ou aceitá-la como escritura divina, cujos contextos/conceitos/valores devem ser relativizados e entendidos dentro do nosso tempo — fazemos isso com a Filosofia, a Literatura, a Psicologia, a Medicina: por quê não com a “Bíblia”?
Praticar religião sem refletir sobre ela, sem estudá-la, talvez tenha sido o grande motivo da perda de tantos católicos para o protestantismo.
Eles usam a “Bíblia”, pedem sempre a sua leitura e baseiam muito seus sermões ou homilias em trechos dela; às vezes de maneira certa, às vezes errada; às vezes com a intenção de fazer certo, mas fazendo errado; ou com a intenção de fazer errado e o fazendo propositalmente. Mas eles a leem mais do que os católicos. Como cada religião/líder/tradição lê é outro assunto.
Sintetizando: leia e estude a respeito de sua religião e crença. Fortaleça a sua fé não apenas no coração, mas também na cabeça. Seja íntegro em sua fé. Ser íntegro é ser inteiro, é ser pleno, completo no exercício do que se deseja fazer.
Acima, a foto, que postei feliz faz alguns anos, de quando adquiri toda a “Suma Teológica”, de São Tomás de Aquino, e não parei mais de, vez ou outra, lê-lo. Depois dele, nunca mais vi uma pergunta ateia que não possa ser racionalmente respondida, sem mágoa, sem desejo de vencer o outro, apenas em busca da verdade.
Leiam, pelo menos a “Bíblia”, em seu todo. Nada de ficar recortando trechos que precisam de interpretação e contextualização. Isso é coisa de fanatismo ateu, ou religioso.
Leia-a na íntegra, e seja íntegro em sua fé!