A Bula reuniu em uma lista alguns fatos curiosos sobre a literatura nacional presentes no livro “História Bizarra da Literatura Brasileira”
Em 2014, o jornal britânico “The Guardian”, em reportagem assinada pelo jornalista Ángel Gurría-Quintana, afirmou que o Brasil “faz livros tão bem quanto futebol”. Não é para menos, embora não seja tão fácil encontrar grandes obras nacionais traduzidas para outros idiomas, os autores brasileiros são cada vez mais reconhecidos para além das fronteiras do país. Enquanto os estrangeiros descobrem cada vez mais as produções do universo literário brasileiro, por aqui não apenas as histórias contidas dentro dos livros são exploradas, aquelas que se escondem nos bastidores deles também. A Bula reuniu em uma lista dez curiosidades inusitadas sobre a Literatura Brasileira. As informações foram retiradas do livro “História Bizarra da Literatura Brasileira” (2017), do jornalista Marcel Verrumo. O autor realizou uma extensa pesquisa em documentos, jornais e artigos acadêmicos, da qual conseguiu extrair acontecimentos curiosos e pouco difundidos sobre a vida dos grandes escritores nacionais e suas obras.
Pero Vaz de Caminha, considerado o autor inaugural da literatura brasileira, escreveu a famosa carta de descobrimento do Brasil interessado em livrar seu genro do exílio na África — pena por ele ter roubado uma Igreja Católica e agredido um padre. Com a oportunidade de escrever para o rei de Portugal informando o sobre o novo território, ele aproveitou para pedir o retorno do genro ao território português.
O autor estudou direito em São Paulo, no Largo de São Francisco. Quando estava no terceiro ano, um de seus amigos do quinto ano, Feliciano Coelho Duarte, sofreu uma desilusão amorosa e suicidou-se. No ano seguinte, o também amigo quintanista João Batista da Silva Pereira morreu. Ele, então, sentiu que poderia haver uma maldição que acometia os alunos quintanistas: todo ano, segundo ele, um estudante morreria. Como seria um quintanista no ano seguinte, profetizou que o próximo poderia ser ele mesmo.
Nísia Floresta Brasileira Augusto foi a primeira mulher a publicar um livro no Brasil, o que só ocorreu no século 19, com a obra “Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens”. Nascida no Rio Grande do Norte, ela foi obrigada a se casar aos 13 anos, mas meses depois fugiu da casa do marido. Ameaçada por ele, foi obrigada a se mudar para o Rio Grande do Sul, e depois para o Rio de Janeiro, onde abriu uma escola. Além de escritora, por defender os direitos das mulheres, também é considerada a primeira feminista brasileira.
Negro e órfão de mãe ainda jovem, Machado de Assis precisou trabalhar desde pequeno para ajudar a família. Ela começou sua carreira vendendo balas de coco feitas por sua madrasta, mas começou a se dedicar à literatura quando um editor lhe ofereceu a oportunidade de trabalhar em uma tipografia. No trabalho, pouco a pouco, o autor desenvolveu um estilo próprio de escrever, que culminaria em obras-primas como “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”.
Os primeiros livros eróticos nacionais, batizados de Romances para Homens, por não serem indicados ao público feminino, eram impressos em formato brochura. Tudo indica que algum leitor, enquanto lia um romance erótico, olhou para a encadernação e associou o formato com o órgão sexual masculino. Da associação, surgiram expressões como “homem brocha”, e até o verbo “brochar”, como o conhecemos hoje em dia.
O Rio de Janeiro do final do século 19 passava por uma série de transformações urbanas. Essas mudanças de cenário ocasionaram situações inusitadas. Uma das mais curiosas é que um dos primeiros detentores de um carro no Brasil, o jornalista José do Patrocínio, convidou seu amigo Olavo Bilac para dar uma volta pela cidade. Só que ele não sabia que Bilac não tinha a mesma habilidade de dirigir quanto tinha de escrever. O autor bateu o carro a 4km/h e provocou o primeiro acidente registrado no país.
O autor de “Os Sertões” foi assassinado pelo amante de sua própria esposa. Segundo relatos históricos, Euclides era um homem muito focado em trabalho e deixava de lado sua vida familiar. A sua esposa decidiu sair de casa e engatar um relacionamento com outro homem. Euclides, inconformado, pegou uma arma e foi à casa do sujeito, que acabou o matando. Anos mais tarde, o filho do escritor tentaria vingar a morte, mas também foi assassinado pelo mesmo homem.
Casado com a pintora Tarsila do Amaral, Oswald traiu a esposa com a escritora Patrícia Galvão, a Pagu, que acabou engravidando. Para manter as aparências, a jovem se casou com outro homem. No entanto, em plena lua de mel, deixou seu recém-marido e fugiu com o modernista. Em 5 de janeiro de 1930, Oswald e Pagu protagonizaram um dos casamentos mais bizarros de nossas Letras. Diante do túmulo da família Andrade, os dois trocaram alianças para registrar a união simbólica perante os antepassados do noivo.
O autor de clássicos como “Vidas Secas” e “Angústia” foi prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, em Alagoas, após ganhar a popularidade da região como diretor de uma escola. Empossado no novo cargo, criou um código de postura moral com 82 artigos, dentre os quais proibiu a criação de animais na rua. E, lutando contra o clientelismo e o nepotismo, não poupou ninguém das novas leis. Prova disso é que o escritor-prefeito multou o próprio pai por criar porcos em vias públicas.
Guimarães e Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa se conheceram em Hamburgo, quando o escritor era embaixador do Brasil na Alemanha e Aracy, secretária. Vivendo no país na era Hitler, os dois começaram a tentar salvar a vida de pessoas que corriam risco de morrer nas mãos do ditador. Enquanto o literato falsificava passaportes para judeus fugirem para o Brasil, a esposa conseguia carimbos e assinaturas falsas para liberar a entrada dos fugitivos no país. O casal salvou a vida de centenas de pessoas.