A Bula reuniu em uma lista os livros escritos por mulheres que marcaram a história da literatura e, ao mesmo tempo, promoveram mudanças estruturais na sociedade e também de pensamento — seja pelo teor da obra ou pelo simples fato de terem sido escritos por mulheres. A seleção reúne obras de diferentes estilos e gêneros, como os textos teatrais de Agatha Christie, reunidos em “A Ratoeira e Outras Peças”; o necessário livro “A Cor Púrpura”, de Alice Walker, que denuncia a condição das mulheres afro-americanas no início do século 20; e o romance erótico “Pequenos Pássaros”, de Anaïs Nin, cujas personagens centrais são mulheres. Os comentários são adaptações das sinopses das editoras.
No livro, Hannah Arendt pondera sobre como e porque foi possível o surgimento do totalitarismo. Além disso, a autora examina a relação entre totalitarismo e tradição, e como ele converteu-se em uma fenomenologia das atividades humanas fundamentais — ameaçando sempre a condição do homem em sociedade.
Publicado em 1966, “Vasto Mar de Sargaços” é a obra-prima de Jean Rhys. Inspirado na personagem Bertha Antoinette Mason, a “louca do sótão” do clássico vitoriano Jane Eyre, de Charlotte Brontë, o romance dá voz à governanta caribenha vivendo na Inglaterra que, assim como a própria autora, sofria com as dificuldades originadas do choque entre culturas.
A autora, que tem seu nome inevitavelmente associado a romances e contos policiais, escreveu cerca de dezoito textos para teatro — alguns originais e outros adaptados de seus textos policiais. O livro “A Ratoeira e Outras Peças” reúne quatro deles: “A ratoeira”, “Os dez indiozinhos”, “Encontro com a morte” e “O refúgio”.
Vencedor do Prêmio Pulitzer em 1983, e inspiração para o filme homônimo dirigido por Steven Spielberg, o romance “A Cor Púrpura” retrata a dura vida de Celie, uma mulher negra que vive no sul dos Estados Unidos no início do século 20. Pobre e praticamente analfabeta, ela é abusada, física e psicologicamente, na infância pelo padrasto e, depois, pelo marido.
“Pequenos Pássaros”, assim como “Delta de Vênus”, é a ficção erótica mais difundida de Anaïs Nin em todo o mundo. As histórias foram escritas na década de 40 e só publicadas em livro após a morte da autora, em meados da década de 70. Em “Pequenos Pássaros”, treze histórias trazem pessoas — sobretudo mulheres — que dão vazão à paixão e ao desejo sob todas as formas.
Da velha Londres às principais cidades do mundo, Sophia, mais conhecida como Fevvers — a maior trapezista do século — encantava plateias com suas asas enormes, sua malha cor-de-rosa apertada e seus saltos mais que mortais, impossíveis. Angelical e demoníaca, Fevvers vai contando sua história e hipnotizando o incauto jornalista que foi entrevistá-la.
Publicado originalmente em 1947, o livro se tornou um dos relatos mais impressionantes das atrocidades e horrores cometidos contra os judeus durante a Segunda Guerra. A força da narrativa da adolescente — que mesmo com sua pouca experiência de vida foi capaz de escrever um testemunho de humanidade e tolerância — a tornou uma das figuras mais conhecidas do século 20.
Elogiado livro de estreia da indiana Arundhati Roy, “O Deus das Pequenas Coisas” narra a história dos gêmeos Rahel e Estha, que, na Índia de 1969, crescem entre os caldeirões de geleia de banana e as pilhas de grãos de pimenta da fábrica da avó cega. Armados da inocência invencível das crianças, os dois tentam inventar uma infância à sombra da ruína que é sua família.
O livro reúne dois contos, que receberam os mais prestigiados prêmios literários japoneses, e que tiveram milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Original e comovente, ele conta histórias sobre mães, transexualidade, cozinhas, amor e tragédia pela ótica de uma autora que procura se familiarizar com a realidade usando a ficção.
“Jane Eyre”, romance de estreia da consagrada escritora inglesa Charlotte Brontë, narra a história de vida da heroína homônima. Quebrando paradigmas e criticando a realidade vitoriana da época, Jane Eyre desafia o destino imposto às mulheres e as posições sociais que elas deveriam ocupar.
A obra, controversa na época de seu lançamento, é um importante retrato da Paris de 1920. Filho de uma cortesã, o belo e mimado Chéri é educado na arte do amor por Léa, uma mulher mais velha. Após aceitar um casamento arranjado com uma mulher rica, Chéri se separa da amante, mas não a esquece, e mergulha em um isolado mundo de sonhos e lembranças.
O livro conta a história de uma jovem insegura de si, que se casa com Max de Winter, um belo e misterioso viúvo rico. O que seria o final feliz é apenas o início de uma trama de enganos assombrada pela memória de Rebecca, a falecida esposa de Max, e pela senhora Danvers, a soturna governanta devotada à antiga patroa.
Anna é escritora que mantém quatro cadernos de notas: um de capa preta, no qual relembra as experiências de sua juventude na África; um de capa vermelha, em que ela rememora sua desilusão com o comunismo; um de capa amarela, no qual ela escreve um romance autobiográfico; e um caderno azul, usado como diário. Ela, então, resolve reunir as linhas dos quatro cadernos juntos em um carnê dourado.
Vencedor do Prêmio Pulitzer, o romance destaca a inquietação da sociedade nova-iorquina no século 19 com a chegada da condessa Ellen Olenska. Ela retorna aos Estados Unidos após se divorciar na Europa, e se aproxima de Newland Archer, noivo de sua prima. Os dois se apaixonam, mas ficam divididos entre manter as aparências e optar pelo amor e a felicidade.
A obra conta a história da paixão entre Heathcliff e Catherine, em uma fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes. Amigos de infância, eles são separados pelo destino, mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta — um amor proibido que deixa rastros de ira e vingança.
A obra reúne 31 contos. Nela, O’Connor aborda essencialmente religião, pois ela era católica em uma região predominantemente protestante; racismo, baseadas nas observações enquanto mulher branca e filha de proprietários de terra; e violência. As narrativas são sempre contadas numa atmosfera de extremo realismo.
Na França pós-guerra, a jovem Cécile finalmente tem a oportunidade de se aproximar do pai e viver uma vida confortável, após anos em um colégio interno. No entanto, o homem resolve se casar com a conservadora madrinha de Cécile. A jovem, então, decide pôr um fim ao casamento em nome de sua liberdade, mas seus planos tomam um rumo inesperado.
O livro conta a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca, nos Estados Unidos dos anos 1930, e que enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado, que constrói uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
Ambientado na Inglaterra da década de 1520, a história é centrada em Thomas Cromwell, gênio político e sedutor, que rompe todas as regras de uma sociedade rígida em sua ascensão ao poder, e se prepara para quebrar outras mais. Confrontando o parlamento, as instituições políticas e o papado, ele está pronto para remodelar a Inglaterra.
Charles Arrowby, um semideus do teatro — encenador, dramaturgo e ator — retira-se um dia do seu brilhante mundo londrino para “renunciar à magia e tornar-se um eremita”. Passa a viver numa casa isolada na costa diante de um mar turbulento, transparente e opaco, mágico e maternal. Ali espera conseguir evitar a todos, mas as coisas não saem como planejado.
No livro, Jung Chang resgata a saga das mulheres de sua família. O relato retrocede ao início do século 20, quando sua avó é oferecida como concubina a um poderoso militar. Depois acompanha a história da mãe da autora, que viveu a ocupação japonesa na Manchúria, o governo do Kuomintang, a queda de Chang Kai-chek, a guerra civil e a vitória de Mao.
“The Handmaid’s Tale”, ou “O Conto da Aia” em português, inspirou a série homônima. A trama é ambientada num Estado teocrático e totalitário em que o fundamentalismo se fortalece como força política. As mulheres são as principais vítimas de opressão, tornando-se propriedade do governo, e sendo utilizadas por homens ricos que não podem ter filhos.
Um Jovem médico possui uma obsessão com a morte que o leva a criar a vida. No entanto, sua “criatura”, feita a partir de corpos de condenados e o cérebro de um brilhante cientista, é um cruel arremedo de ser humano. Quando a criatura percebe que nunca será aceita pelos homens, ela quer se vingar do seu criador e de sua família.
Considerado um dos documentos fundadores do feminismo, o livro denuncia a exclusão das mulheres ao acesso a direitos básicos no século 18, especialmente o acesso à educação formal. Escrito em um período histórico marcado pelas transformações que o capitalismo industrial traria para o mundo, o texto discute a condição da mulher na sociedade inglesa de então.
O Romance do Genji, escrito entre 1005 e 1014, encena as intrigas políticas e amorosas da corte Heian, um turbilhão de histórias em que se misturam a sensualidade e o refinamento, a sátira e a comédia, os mitos e as aventuras amorosas. Embora o personagem principal seja Genji, um resplandecente príncipe, o enredo é orquestrado por mulheres.
A preocupação apaixonada de Carson com o futuro do planeta reverberou poderosamente por todo o mundo, e seu livro eloquente foi determinante para o lançamento do movimento ambientalista. O notável trabalho de Rachel Carson foi considerado em 2000, pela Escola de Jornalismo de Nova York, uma das maiores reportagens investigativas do século 20.
O livro foi escrito no final do século 5 e início do século 6 por uma dama da corte a serviço de sua Imperatriz, em Quioto, na sociedade do Japão feudal. A obra inspirou o filme “The Pillow Book”. Shônagon retrata os pequenos fatos do cotidiano no Palácio Imperial, os fenômenos da natureza, as interações da vida social e a refinada trama de valores da cultura japonesa.
Os textos nus e simples de Simone Weil reunidos na coletânea de pensamentos “A Gravidade e a Graça” traduzem uma experiência interior. A autenticidade e uma exigência incomuns, característicos da autora, levará o leitor atento ao reconhecimento de uma das pensadoras mais audazes e originais do século 20.
Único romance da poeta americana Sylvia Plath, o livro é centrado em Esther, uma garota que tem uma visão muito crítica, às vezes ácida, da sociedade e de si mesma. Aos poucos, a indiferença se instaura, distanciando a moça do mundo à sua volta. Ao lidar com sua depressão, Esther também realiza a transição de menina para uma jovem mulher.
Ganhador do Pulitzer de 1988 e eleita a obra de ficção mais importante dos últimos 25 anos pelo New York Times, em 2006. A história se passa nos anos posteriores ao fim da Guerra Civil. Sethe é uma ex-escrava que, após fugir com os filhos da fazenda em que era mantida, foi refugiar-se na casa da sogra. No caminho, ela dá à luz um bebê, a menina Denver, que vai acompanhá-la ao longo da história.
Genly Ai foi enviado a Gethen com a missão de convencer seus governantes a se unirem a uma grande comunidade universal. Ao chegar lá, ele percebe que os habitantes de Gethen fazem parte de uma cultura intrigante. No local, os indivíduos não possuem sexo definido e, como resultado, não há qualquer forma de discriminação de gênero.
Seis personagens estão imersos em monólogos e articulam-se formando vozes, apresentando suas inquietações e sensações íntimas. A dificuldade de controlar o fluxo do tempo transforma este livro, de ondas ora intensas, ora rarefeitas, num verdadeiro jogo existencial, pois a autora utiliza por analogia elementos como a água e a natureza.
Jerome viaja dos Estados Unidos para a Inglaterra para fazer um estágio com Monty Kipps — negro, professor ultraconservador e maior inimigo de seu pai, Haword. O jovem se apaixona pela filha de Monty, Victoria. O caso é dissolvido, mas pouco depois toda a família Kipps se muda para a cidade natal de Jerome, e a situação se complica.