Diário da Flip,
27 de julho de 2017
O ex-presidente Fernando Collor de Mello nos ensinou a importância de andar com um livro debaixo do braço para causar boa impressão. Ler não é necessariamente importante, embora o conhecimento da orelha possa representar a diferença entre participar ou não de uma roda de conversa nas poucas reuniões sociais que sobreviveram ao advento das redes sociais. Essa verdade universal é ainda mais verdadeira na Flip. Por isso, em um trabalho de utilidade pública, a Revista Bula apresenta algumas opções de livros para causar nas badaladas ruas de pedra de Paraty.
Nada melhor do que a história de um cruel ditador de uma república de bananas da América do Sul para acompanhar os gritos de “fora Temer”, frase mantra dessa edição da Flip. Levante o livro, grite a plenos pulmões e fique na moda.
Só existe uma espécie de ser vivo mais presente nas ruas de Paraty do que hippies e professores aposentados: os cães. De todos os tamanhos, tipos e cores. Nada melhor do que desfilar com um livro sobre um cão insuportavelmente simpático. Com a vantagem de que virou um filme de sucesso. Na falta do livro e de desodorante, coloque o dvd do filme debaixo do braço. O efeito é o mesmo.
Tradicionalmente, parte considerável dos moradores de Paraty são simpatizantes da utilização de plantas medicinais para uso recreativo. Durante a Flip essa população se multiplica, o que explica a misteriosa neblina que observamos no alto dos morros da região.
Uma das atividades mais populares de Paraty são os passeios de barco pelas belíssimas ilhas da região. Esse clássico de aventuras é uma ótima leitura para esses momentos, ocorrendo entre um mergulho e outro. Nada mais justo, depois que Johnny Depp tornou-se a imagem do pirata moderno, qualquer marinheiro de primeira viagem pode se sentir o próprio Barba Negra.
Um dos grandes perigos que testemunhamos diariamente pelas ruas de Paraty são as charretes que infestam a cidade. Nesse caso, o perigo não é ser atropelado pela charrete, mas ser continuamente abordado pelos charreteiros oferecendo seus serviços. Só aceite se a opção for se tornar um remador em trabalho compulsório.
Sempre escutamos falar que as populações indígenas estão em extinção. Acredito. Em todo caso, essa verdade inabalável se abala quando andamos pelas ruas de Paraty, um espaço plural e democrático, repleto de cocares, penas e artesanato nativo americano. Talvez essa seja uma boa notícia.
Qualquer livro, pode ser antigo ou novo, raro ou lançamento. O importante é andar com a capa bem a mostra, se possível se deixe flagrar com eles nas praças, nas praias ou no saguão do hotel. Vai mostrar o quanto você é antenado e contemporâneo. Com sorte esses livros podem ser até lidos um dia.