Não tem momento de maior introspecção e concentração do que aquele em que você está sentado em um carro por aplicativo, no ônibus ou metrô a caminho do trabalho. Se a viagem será longa e você quer passar mais tempo desligado da internet (tempo necessário!), nada como ter sempre um livro curtinho na bolsa, no bolso ou na mochila para sacar. Além de te dar aquela vibe de intelectual, você ainda faz um detox das redes sociais e acrescenta munição cultural para o seu arsenal mental.
Agora, sejamos sinceros, livros grandes demais são pesados, espaçosos e difíceis de manusear no caminho do trabalho, especialmente se você vai dentro de um ônibus ou metrô lotado e precisa se espremer entre os corredores ou bancos apertados. Livros curtos conseguem ser rápidos, envolventes e, quando bem escolhido, tão satisfatório quanto vídeos de gatinhos fofinhos na internet.
Se você está louco para conhecer algumas opções incríveis de livros curtos, pegue seu lugar, ajeite seus fones de ouvido e venha comigo nessa seleção de livros que cabem no seu tempo de trajeto e também no fundo da sua mochila sem implorar por socorro.
Páginas: cerca de 76
Dr. Simão Bacamarte, médico renomado, decide estudar a loucura e funda a Casa Verde, internando todos que considera “desequilibrados”. Aos poucos, o conceito de normalidade é questionado e a história se transforma numa crítica feroz à sociedade e ao poder. Com humor ácido e ironia, Machado faz uma análise da natureza humana que continua atualíssima. Apesar de ser do século 19, o texto é ágil e direto. Ideal para uma leitura rápida e provocativa.
Páginas: cerca de 104
Kafka escreve uma longa carta para seu pai, expondo sentimentos de medo, inadequação e incompreensão. A obra é ao mesmo tempo confissão íntima e análise implacável de uma relação tóxica. Apesar de ser um texto pessoal, toca em temas universais como culpa, autoridade e afeto. A linguagem é densa, mas o texto é curto e de enorme impacto emocional.
Páginas: cerca de 130
Sinopse: Após perder o emprego e enfrentar uma decepção amorosa, Takako aceita o convite de seu tio para trabalhar na Livraria Morisaki, um espaço pequeno e acolhedor em Jinbōchō, o bairro dos sebos em Tóquio. Entre prateleiras cheias de livros antigos e conversas discretas, ela reencontra a si mesma e descobre novas formas de ver o mundo. A história é sobre recomeços, afetos silenciosos e o poder transformador da literatura. Com narrativa delicada e esperançosa, é um livro perfeito para quem busca leveza e conforto.
Páginas: cerca de 120
O jovem Emil Sinclair vive o conflito entre dois mundos: o da ordem e da luz, onde foi criado, e o da tentação e do desconhecido, que o atrai. A figura enigmática de Demian surge para guiá-lo nessa jornada de autoconhecimento e ruptura. O romance mergulha em temas como espiritualidade, moralidade e identidade pessoal. Com uma narrativa simbólica e intensa, Hermann Hesse explora as angústias da adolescência e da formação do eu. É um livro curto, mas de grande profundidade filosófica e emocional.
Páginas: cerca de 127
Neste clássico, Hemingway narra a batalha épica entre Santiago, um velho pescador cubano, e um enorme peixe no meio do oceano. A história, que parece simples, na verdade mergulha em temas como perseverança, orgulho e a dignidade humana diante da derrota. Hemingway escreve de forma enxuta e impactante, como quem desenha com poucos traços, mas acerta no alvo. A narrativa é lenta e intensa, como o próprio embate do pescador. O livro rendeu a Hemingway o Pulitzer e ajudou a garantir seu Nobel. É perfeito para leituras picadas entre as baldeações da vida.
Páginas: 72 páginas
“Brancura” é uma narrativa breve e intensa que acompanha um homem à beira da morte enquanto caminha por uma paisagem desolada e mergulha em suas últimas reflexões. A obra é marcada pela prosa hipnótica de Fosse, em que o fluxo de consciência e a repetição criam uma atmosfera de suspensão e transcendência. Sem grandes acontecimentos externos, o livro se concentra no estado mental e emocional do protagonista. Trata-se de um mergulho existencial no limiar entre a vida e a morte. Uma história minimalista e profunda, escrita com uma delicadeza devastadora.
