10 frases de Chico Buarque de Hollanda que vão te atingir como um soco no estômago revestido de poesia

10 frases de Chico Buarque de Hollanda que vão te atingir como um soco no estômago revestido de poesia

As letras de Chico Buarque são tão bonitas que até parecem carícias. Isso até você se pegar deitado no chão, em posição fetal, pedindo a Deus para voltar para o útero da sua mãe. Chico, se fosse seu amigo, te diria verdades na cara. Mas diria de um jeito tão bonito, que apesar de sincero demais, faria você agradecer. Com ele, não tem como rebater, discordar, coisa e tal, você só chora, aceita e segue o baile. Se você nunca chorou ouvindo uma canção de Chico, melhor aumentar o volume e começar a prestar atenção. 

O poder de sintático desse homem é não tem limites. Enquanto a gente tem dúvida na hora de escolher entre vírgula ou ponto final, Chico mete um subjuntivo, dá um nó no gerúndio e ainda conjuga a dor no futuro do pretérito: e fica lindo! Cada letra dele de canção dele tiraria mil na redação do Enem: sem pleonasmo, sem cacofonia, sem conjugar o verbo errado. O cara não confunde o uso da crase ou do porquê (como me saí?), flexiona o amor na primeira, segunda e terceira pessoa, e ainda inventa uns neologismos que fazem o Houaiss renovar edição anualmente para incluir o vocabulário do Chico. É a língua portuguesa chorando emocionada em três tempos verbais diferentes.

Então se segura aí, porque a Revista Bula selecionou 10 frases de Chico Buarque de Hollanda que vão te atingir como um soco no estômago revestido de poesia. É uma pancada atrás da outra, mas com educação, violoncelo e cheiro de pão saindo do forno. Bora sofrer bonito?


“Morreu na contramão atrapalhando o tráfego”  

(Construção, 1971)


“A saudade é o revés de um parto.”  

(Pedaço de Mim, 1978)


“Para sempre é sempre por um triz”  

(Beatriz, 1983)


“O tempo passou na janela, só Carolina não viu.”  

(Carolina, 1967)


“Não se afobe, não, que nada é pra já.”  

(Futuros Amantes, 1993)


“Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.”  

(Apesar de Você, 1978)


“Quantos homens me amaram bem mais e melhor que você.”  

(Olhos nos Olhos, 1976)


“Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso, são bonitas, não importa, são bonitas as canções.”  

(Choro Bandido, 1993)


“Dei pra maldizer o nosso lar pra sujar teu nome, te humilhar e me vingar a qualquer preço. Te adorando pelo avesso.”  

(Atrás da Porta, 1972)


“Mesmo calada a boca, resta o peito. Silêncio na cidade não se escuta.”  

(Cálice, 1978)


Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.