Durante anos, o Google parecia uma força invisível — poderosa, sim, mas confiável como uma velha bússola que sempre apontava para o norte. A gente digitava algumas palavras, clicava no primeiro link, e pronto: o mundo se abria.
Só que, ultimamente… algo mudou. E mudou de um jeito estranho, quase sorrateiro.
Há semanas, uma inquietação corre em sussurros por fóruns de SEO, redações digitais e grupos de empreendedores: o tráfego caiu. Caiu como chuva de verão, rápida, pesada, inesperada. Milhões de sites, pequenos e grandes, viram seu alcance minguar sem aviso prévio — e a explicação oficial, se é que existe, permanece no terreno das meias palavras.
Alguns dizem que é a inteligência artificial. Outros culpam os ajustes misteriosos no Discover, aquele feed personalizado que muita gente nem percebe que usa, mas que manda milhões de visitantes diários para quem tiver a sorte de ser “descoberto”. De repente, certos sites desapareceram dali como fantasmas — não por punições explícitas, não por má conduta, mas por razões… nebulosas. Como se tivessem tropeçado numa linha invisível e sido expulsos do mapa.
A teoria mais aceita entre quem observa esses movimentos (e, a bem da verdade, entre quem sente seus efeitos na pele) é que o Google está limpando o terreno: favorecendo conteúdos mais “originais”, mais “humanos”, menos “fabricados”. O que soa bonito — e até justo — num primeiro momento. Mas a prática, como sempre, é bem mais emaranhada do que o discurso.
Porque o que é, afinal, um conteúdo “original”? Quem decide o que é suficientemente “humano”? E, mais importante: quem fiscaliza o fiscal?
Enquanto essas perguntas ecoam sem resposta, números desabam. Pequenos sites independentes, páginas de nicho, jornalistas freelances que dependem de visibilidade para viver… muitos estão, agora, à deriva. De um dia para o outro, o palco virou deserto. As luzes se apagaram sem aviso.
Curioso, não? O Google nunca foi tão essencial — e, paradoxalmente, nunca esteve tão silencioso sobre o próprio poder.
Se houve anúncio oficial? Houve, sim. Um ou outro comunicado genérico sobre “melhorar a experiência do usuário”, “priorizar fontes confiáveis”, “remover conteúdo de baixa qualidade”. Termos tão polidos e vagos quanto uma placa de “Perigo: Área Restrita” no meio de um campo aberto. Serve para alertar, mas não para explicar.
Enquanto isso, a vida segue. Quem tem fôlego, tenta adaptar seus sites: melhora textos, refaz imagens, revisa estratégias. Quem não tem, assiste, impotente, à própria audiência se dissolver como névoa ao sol.
No fundo, o que assusta não é só a queda do tráfego. É a sensação de que o jogo mudou — e de que as novas regras, bem, talvez nunca sejam inteiramente claras.
Ou talvez nem tenham sido feitas para ser.
E o Google, lá no alto, continua a girar seu compasso invisível. Apontando direções que, agora, poucos conseguem decifrar.