Al Pacino fez 85 anos. O que significa que, se Hollywood fosse um império, ele seria o rei. O homem já foi mafioso, advogado, policial, cafetão, diabo e até cego que dança tango, e em todos esses papéis, ele basicamente gritou com alguém em algum momento. Essa é a marca registrada dele: se o Pacino ficou em silêncio numa cena, é porque ele tá só esperando o momento certo pra explodir em um monólogo digno de Oscar. Ele é o último respiro de uma era em que atuação significava suar, berrar e fazer o espectador pedir perdão por existir. A lenda caminha entre nós com paletó amarrotado, ombros caídos, olhar intenso e aquele cabelo que parece ter vontade própria desde “Serpico”.
E o mais impressionante? Ele continua trabalhando como se tivesse 40. Ou melhor, como se tivesse 40 papéis pra entregar amanhã e só duas semanas de prazo. Tem ator que faz método, laboratório, jejum intermitente… o Pacino aparece no set, solta um berro e resolve tudo no talento. Não tem como competir. E mesmo quando o filme não é tudo isso, ele tá lá, salvando cenas só com um levantar de sobrancelha. A verdade é que Al Pacino não atua, ele hipnotiza. A gente assiste e pensa: “esse homem tá vivendo isso de verdade?”. Spoiler: provavelmente sim. Ou pelo menos a gente acredita que sim.
Então, pra comemorar os 85 anos dessa força da natureza chamada Alfredo James Pacino, a Revista Bula fez uma seleção especial com 7 filmes incríveis dele. Tem clássico, tem underrated, tem atuação que parece desafio de resistência emocional. A lista tá cheia de gritos icônicos, silêncios ameaçadores e olhares que dizem mais do que 10 páginas de roteiro. Pode confiar: tem filme aqui que envelheceu melhor que vinho. Bora para a lista?

Michael Corleone (Al Pacino) é o filho mais novo de uma poderosa família mafiosa ítalo-americana. Inicialmente alheio aos negócios da família, ele acaba sendo puxado para o centro da violência após um atentado contra seu pai, Don Vito (Marlon Brando). A narrativa acompanha sua transformação de herói relutante a implacável chefe do crime. É uma história sobre poder, lealdade e consequências. Considerado um dos maiores filmes da história, marcou a ascensão definitiva de Pacino em Hollywood. Sua atuação contida, mas poderosa, é peça-chave na tensão do enredo. E sim: é obrigatório assistir.

Baseado em fatos reais, o filme mostra um assalto a banco em Nova York que rapidamente se transforma em um espetáculo midiático. Pacino interpreta Sonny, um ladrão desesperado que tenta lidar com reféns, policiais e suas próprias motivações pessoais. A trama se desenrola quase em tempo real, com diálogos intensos e reviravoltas inesperadas. A atuação de Pacino mistura vulnerabilidade e impulsividade. É um thriller urbano com um olhar crítico sobre a sociedade e a mídia. Mesmo em meio ao caos, o personagem carrega uma humanidade latente. Um clássico dos anos 70.

Frank Slade é um tenente-coronel cego, rabugento e com um plano de despedida da vida já bem definido. Ele embarca numa última viagem de luxo com a ajuda de um jovem estudante contratado para acompanhá-lo. Ao longo da jornada, surge uma conexão improvável entre os dois. Pacino entrega uma performance intensa e cheia de nuances. Foi esse papel que finalmente lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator. O filme combina drama, humor e emoção de forma equilibrada. E sim, a icônica cena do tango está aqui.

Nesta eletrizante história de gato e rato, Pacino interpreta Vincent Hanna, um detetive obstinado que persegue o mestre do crime Neil McCauley, vivido por Robert De Niro. O duelo entre os dois é cerebral, tenso e repleto de ética ambígua. O filme se destaca pelas cenas de ação realistas e pela famosa cena do café, onde os dois rivais se encaram pela primeira vez. É um clássico moderno do cinema policial. Pacino equilibra intensidade e controle com maestria. Uma verdadeira aula de atuação e narrativa.

Arthur Kirkland é um advogado honesto e impulsivo que se vê forçado a defender um juiz corrupto acusado de estupro. O dilema moral do personagem é o centro da narrativa. A trama expõe os paradoxos e falhas do sistema jurídico americano. A atuação de Pacino é marcada por frustração, sarcasmo e indignação. A cena final, em que ele perde o controle no tribunal, virou símbolo de sua carreira. Um drama jurídico tenso e provocador. O filme questiona os limites da justiça e da ética pessoal.

Pacino interpreta Lefty Ruggiero, um veterano da máfia que acolhe Donnie, um suposto novo recruta. O que ele não sabe é que Donnie é, na verdade, um agente do FBI infiltrado. A história é baseada em fatos reais e mergulha nas relações de confiança dentro do submundo do crime. O filme retrata com sutileza o vínculo entre os dois protagonistas. Pacino entrega um mafioso cansado e trágico, distante do glamour de seus papéis anteriores. A tensão cresce à medida que a verdade se aproxima. Um drama criminal com peso emocional.

Neste épico de três horas e meia, Pacino vive Jimmy Hoffa, o lendário sindicalista envolvido com o crime organizado. O filme acompanha décadas de corrupção, violência e lealdades duvidosas. Com Robert De Niro e Joe Pesci, forma um trio de veteranos que sustentam a narrativa com força. Pacino entrega uma performance enérgica e carismática, contrastando com os personagens mais contidos dos colegas. A obra reflete sobre envelhecimento, arrependimento e consequências. É um retrato sombrio de homens que viveram demais dentro das sombras do poder.