As 9 melhores comidas para saborear vendo filme (a nº 7 é polêmica!)

As 9 melhores comidas para saborear vendo filme (a nº 7 é polêmica!)

Um grupo internacional de cientistas sem nenhuma outra prioridade urgente decidiu mergulhar num dos maiores mistérios contemporâneos: afinal, qual é a melhor comida para se comer durante um filme? A pesquisa, conduzida pelo Instituto Global de Cinema e Gula Aplicada (IGCGA) — com sede imaginária entre uma locadora em extinção e uma fábrica de pipoca — entrevistou mais de dois mil espectadores reais, outros mil fictícios, e analisou o comportamento de pessoas que passaram 85% de suas vidas assistindo filmes com alguma coisa engordurando os dedos.

Os dados foram coletados ao longo de dois anos, um micro-ondas, quatro panelas e sete pacotes de lenços umedecidos depois. A metodologia científica consistiu em ver filmes clássicos, cults e até os que passam em loop nos domingos da TV aberta, enquanto se testava uma variedade de comidas em condições de iluminação ambiente, controle remoto funcional e travesseiro confortável. Como critério de avaliação, foram considerados fatores cruciais como “grau de crocância”, “nível de sujeira deixada na roupa”, “chance de cochilo após consumo” e “necessidade de pausa para buscar guardanapo”.

A seguir, o resultado do estudo — com sinopses detalhadas das iguarias que dominaram as sessões de cinema caseiro. Com vocês, a ciência gourmet do entretenimento:


1 — Pipoca — A rainha absoluta

A pipoca é a monarca suprema do cinema. É leve, crocante, democrática e tem o poder mágico de desaparecer enquanto você diz para si mesmo “só mais um tiquinho”. Segundo o IGCGA, 98% dos entrevistados fingem dividir a pipoca, mas 100% consomem 80% dela sozinhos. Seja salgada, amanteigada, caramelizada ou queimada por distração, ela representa o ápice da simbiose entre comida e filme. Também lidera em ruído de mastigação e capacidade de invadir sofás por décadas.


2 — Chocolate — O drama derretido

Ideal para filmes românticos ou dramas que exigem catarse emocional. O chocolate é um velho conhecido da telona e da telinha. Segundo o estudo, é o doce que mais combina com lágrimas discretas e comédias românticas passadas em Paris. Cientistas alertam, porém, que barras grandes somem mais rápido que plot twist de filme da Netflix. E que o chocolate derretido nas mãos revela o culpado mais rapidamente que DNA em cena de crime.


3 — Pizza — O épico de longa duração

A pizza foi apontada como a melhor comida para sessões duplas, maratonas e finais de temporada. Versátil, pode ser consumida fria, quente, dobrada, com borda recheada ou com vergonha alheia (pizza de strogonoff, estamos olhando pra você). A pesquisa aponta que 73% dos entrevistados preferem comédias enquanto seguram a fatia com uma mão e equilibram o prato com a outra, numa coreografia de alto risco e alto teor de prazer.


4 — Salgadinho (tipo chips) — O thriller crocante

Infiltrado em todas as sessões, o salgadinho é o anti-herói da dieta e o vilão das teclas do controle remoto. Seu poder de viciar é comparado ao de sagas adolescentes com triângulos amorosos. Cientistas do IGCGA descobriram que o barulho dos chips mastigados supera o volume de qualquer diálogo sussurrado em filme dinamarquês, criando a necessidade de legendas mesmo entre falantes nativos. Ainda assim, irresistível.


5 — Sorvete — O romance gelado

Doce, cremoso e melancólico, o sorvete é ideal para filmes que tratam de términos, reencontros e protagonistas com cortes de cabelo simbólicos. O estudo revela que o pote de sorvete é 74% mais acolhedor quando consumido diretamente com uma colher grande, sem culpa, durante filmes com trilhas sonoras tocadas ao piano. Também lidera o ranking de comidas que exigem uma pausa para ajustar a temperatura do coração.


6 — Amendoim japonês — O suspense crocante

Pequeno, discreto, mas perigoso: o amendoim japonês exige precisão cirúrgica e nervos de aço, pois um movimento errado e ele sai rolando pelo chão como um vilão fugitivo. Ideal para filmes de suspense ou policiais, ele mantém a tensão viva entre um “crack” e outro. O IGCGA alerta para os riscos de viciar e esquecer o enredo enquanto se procura o último da tigela com a ponta dos dedos.


7 — Miojo — A ficção científica improvisada

Talvez não a mais prática, mas certamente uma das mais simbólicas, a combinação de miojo e filmes de madrugada tem sido documentada desde as eras das reprises do SBT. Cientistas relatam que o miojo é a comida com maior índice de consumo entre solteiros, estudantes e filósofos das 3 da manhã. Alerta: há risco de queimar a boca por ansiedade e de derrubar o molho no sofá ao tentar girar o garfo com estilo cinematográfico.


8 — Cachorro-quente — A comédia exagerada

Cientificamente caótico, o cachorro-quente exige equilíbrio, coordenação motora e ausência de dignidade. Foi eleito o lanche oficial de filmes com Adam Sandler, finais previsíveis e trilhas sonoras dançantes. Segundo os pesquisadores do IGCGA, 67% dos acidentes domésticos envolvendo ketchup e almofadas ocorreram durante a tentativa de dar a primeira mordida sem sujar o mundo ao redor.


9 — Frutas cortadas (geralmente por outra pessoa) — O drama indie sensível

Pouco comum, mas presente entre os espectadores que se consideram “de alma leve”, as frutas cortadas (sempre em cubinhos, em tigelas estéticas) são o equivalente alimentar a filmes iranianos em que nada acontece por duas horas, mas tudo muda no seu coração. Segundo o estudo, ninguém corta frutas para si mesmo — sempre é alguém mais zen que oferece. São 100% mais gostosas quando compartilhadas por alguém com voz suave e playlist instrumental.


Conclusão do estudo fictício:
A comida ideal para ver um filme é aquela que mistura conforto, prazer e um toque de drama (gastronômico ou narrativo). E como toda boa história, ela deve ser consumida com entrega, sem medo de derramar, lamber os dedos ou dar pausa para buscar mais. Afinal, no cinema da vida, o que vale mesmo é o sabor da companhia — mesmo que ela seja um pote de pipoca.

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.