Em quantos dias saberemos quem será o novo Papa? Ticiana Fabi / AFP

Em quantos dias saberemos quem será o novo Papa?

O conclave papal, ritual que elege o novo papa, é um dos eventos mais carregados de simbolismo e mistério dentro da Igreja Católica. Esse processo, que ocorre após a morte ou renúncia de um pontífice, reúne os cardeais da Igreja em uma votação secreta para escolher o líder espiritual dos católicos em todo o mundo. O termo “conclave” vem do latim “cum clave”, que significa “com a chave”, simbolizando o fechamento das portas da Capela Sistina, onde os cardeais se reúnem, isolados do mundo externo, para deliberar sobre o futuro da Igreja.

O número de cardeais envolvidos varia, mas, geralmente, cerca de 120 cardeais participam do conclave. O processo de votação é intensamente secreto e, por mais que o conclave tenha a intenção de ser rápido, pode durar vários dias. O período de eleições normalmente demora de dois a cinco dias, mas já houve conclaves mais longos, como o de 1978, que durou até 12 dias. O motivo para isso está nas negociações políticas e espirituais entre os cardeais, além da necessidade de um consenso que ultrapasse as divisões internas da Igreja. Quando o conclave demora mais do que o esperado, isso pode ser devido a divergências entre os cardeais sobre quem deveria ser o novo papa ou a necessidade de mais tempo para discutir questões fundamentais sobre o futuro da Igreja.

Para o conclave de 2025, previsto entre 6 e 11 de maio, a demora pode ser atribuída a uma série de fatores. Primeiramente, porque o papa Francisco levou a Igreja a um processo de transformação interna, focado em questões como o papel das mulheres, a ecologia e a reforma da Cúria Romana. Essas mudanças podem influenciar o tipo de papa que os cardeais querem eleger. Além disso, fatores externos, como a relação da Igreja com o mundo moderno e os desafios enfrentados pelos católicos em diversas partes do planeta, podem exigir mais tempo para debate interno. Os cardeais podem levar algum tempo para avaliar profundamente o perfil do novo papa e para alcançar o consenso necessário para tomar uma decisão final.

O conclave é um processo envolto em rituais específicos e antigos, alguns dos quais remontam a séculos. Os cardeais, com idades abaixo de 80 anos, são os únicos habilitados a votar. Antes de entrar na Capela Sistina, eles fazem uma série de rituais, como a celebração da missa de “Deus me salve”, uma oração para pedir a orientação divina. Durante o conclave, eles permanecem em uma rotina rigorosa: rezam, discutem as necessidades da Igreja e votam secretamente. Cada cardeal escreve seu voto em uma cédula e o coloca em uma urna. Quando um candidato recebe dois terços dos votos, é escolhido como o novo papa, e a fumaça branca é emitida da chaminé da capela para anunciar a eleição.

Esse cenário é explorado com grande tensão no filme “Conclave” (2023), dirigido por Edward Berger. A obra mergulha na complexidade do conclave papal ao apresentar uma ficção em que, durante o processo de eleição, o líder da Igreja morre misteriosamente, criando uma situação de crise e incerteza. O filme retrata de maneira dramática a disputa de poder entre os cardeais e as complexas interações políticas e espirituais que envolvem a escolha do novo papa. Ao longo da trama, observamos as intensas discussões, as lealdades divididas e a difícil tarefa de escolher um líder capaz de guiar a Igreja em tempos de grandes desafios.

“Conclave” é, sem dúvida, um retrato fascinante e de ficção do processo de eleição papal, e sua abordagem sombria e cheia de intrigas oferece uma perspectiva fictícia, porém convincente, das questões que podem surgir durante o conclave real. O filme destaca como o processo, muitas vezes encarado como cerimonial, também pode ser marcado por manipulações, alianças e jogos políticos intensos, aspectos que, se bem orquestrados pelos cardeais, podem levar a um período de escolhas complexas e demoradas.

Quanto aos candidatos ao papado em 2025, as especulações geralmente giram em torno dos cardeais mais influentes dentro da Igreja, cujas características e capacidades são frequentemente discutidas antes de cada conclave. De acordo com as regras da Igreja Católica, qualquer cardeal em pleno uso de suas faculdades e abaixo de 80 anos pode ser eleito. Mas é comum que o próximo papa seja escolhido entre aqueles com forte experiência e liderança dentro da Igreja, como os cardeais que têm experiência em administrar a Igreja em grandes dioceses, liderar a diplomacia e fazer frente a questões globais, como a pobreza, a justiça social e as tensões políticas.

Assim, o conclave é um evento profundamente simbólico, não apenas para a Igreja Católica, mas também para o mundo. A demora na escolha do papa, quando ocorre, mostra as dificuldades existentes em uma instituição secular e religiosa de escolher alguém com a capacidade de unificar, liderar e reformar. E, como demonstrado em filmes como “Conclave”, o processo, muitas vezes complexo e intrigante, é mais do que uma simples eleição — é um momento crucial de transformação para milhões de pessoas ao redor do mundo.