Com a morte do Papa Francisco em 2025, a Igreja Católica entra novamente em um dos momentos mais simbólicos e decisivos de sua história: a escolha de um novo pontífice. O conclave que se aproxima reúne não apenas o Colégio de Cardeais, mas também os olhares atentos de fiéis, teólogos, diplomatas e analistas do mundo inteiro. Nesse cenário de expectativa e especulação, as casas de apostas internacionais passaram a listar os nomes mais cotados para suceder o papa argentino — e seus rankings dizem muito sobre as tendências e correntes em disputa dentro da Igreja.
Embora o Espírito Santo não siga estatísticas, as odds divulgadas por plataformas como Sportsbook Review, Betfair, Bet365 e outras servem como termômetro das preferências institucionais, da visibilidade pública dos cardeais e das forças geopolíticas em jogo. Entre os favoritos, há nomes que refletem continuidade com a linha reformadora de Francisco e outros que representam uma possível guinada conservadora. A variedade étnica, teológica e pastoral dos candidatos revela uma Igreja cada vez mais plural e global.
A presença de cardeais africanos, asiáticos, europeus e americanos entre os mais cotados reforça o caráter universal da sucessão papal — e sinaliza que, mais do que nunca, o próximo papa será escolhido não apenas por sua doutrina, mas por sua capacidade de dialogar com um mundo em rápida transformação. Nomes como Luis Antonio Tagle, Pietro Parolin e Matteo Zuppi despontam como herdeiros naturais do legado de Francisco, enquanto figuras como Robert Sarah e Raymond Burke são apontadas como representantes da ala tradicionalista que deseja restaurar uma Igreja mais ortodoxa e doutrinária.
A seguir, apresentamos os 10 cardeais mais bem cotados nas bolsas de apostas do mundo, com perfis detalhados, trajetórias relevantes e o que cada um deles simboliza para o futuro da Igreja Católica. Em jogo, está não apenas a escolha de um líder religioso, mas o rumo espiritual, social e político de mais de um bilhão de católicos ao redor do globo.

Nascido em 1957, Tagle é um dos cardeais mais influentes da Ásia. Teólogo com formação em Roma e Washington, é ex-arcebispo de Manila. Foi nomeado por Francisco para cargos de destaque na Cúria Romana. É conhecido por seu estilo pastoral acessível, sorriso cativante e postura progressista. Sua atuação em Caritas Internationalis reforça seu compromisso com os pobres. É considerado herdeiro natural da linha de Francisco, com forte apelo midiático. Representa a Igreja do sul global, sensível às desigualdades. Fala fluentemente diversas línguas e tem bom trânsito entre diferentes blocos eclesiais. Sua eleição daria continuidade ao projeto reformador atual. É visto como o “Francisco asiático”.

Nasceu em 1955 e é o atual Secretário de Estado do Vaticano, posição estratégica. Diplomata de carreira, conduziu negociações delicadas como o acordo com a China. Tem perfil conciliador e é respeitado por moderar tensões internas na Igreja. Sua imagem é a de um gestor discreto, habilidoso e institucional. É bem visto por setores mais tradicionais e reformistas. Não é conhecido por posições pastorais ousadas, mas é firme na doutrina. Atua nos bastidores com equilíbrio e fidelidade ao magistério. Sua eleição representaria uma transição suave e sem ruptura. É o favorito entre os que querem estabilidade pós-Francisco. Considerado um “homem de continuidade”.

Nascido em 1955, Zuppi é arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana. Tem longa ligação com a Comunidade de Sant’Egídio, conhecida por mediações de paz. Atuou em negociações de cessar-fogo em conflitos africanos. Ganhou projeção ao ser enviado pelo Papa à Ucrânia em missão diplomática. É chamado de “padre de rua” por seu contato direto com os mais pobres. Defende diálogo com a comunidade LGBTQIA+ e a escuta dos jovens. É visto como progressista, mas profundamente enraizado na tradição. Tem carisma e leveza que atraem tanto o clero quanto os fiéis comuns. Seria um papa popular, mas com profundidade e equilíbrio. Simboliza o espírito sinodal defendido por Francisco.
Capuchinho, nasceu em 1960 e é arcebispo de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Destacou-se por sua firme defesa dos direitos humanos e da Amazônia. É uma voz forte contra a exploração de recursos e a corrupção na África. Participou ativamente do Sínodo da Amazônia com discursos firmes e proféticos. Tem prestígio crescente na Cúria e entre cardeais latino-americanos. É visto como carismático, popular e profundamente comprometido com a justiça social. Sua eleição seria histórica, como primeiro papa africano em mais de 1.500 anos. Representaria uma Igreja global, descentralizada e sensível às periferias. Tem bom trânsito entre moderados e reformistas. É nome de consenso entre setores diversos.
Nascido em 1952, Erdő é arcebispo de Esztergom-Budapeste e primaz da Hungria. Teólogo de sólida formação, é doutor em Direito Canônico e Filosofia. Presidiu o Conselho das Conferências Episcopais da Europa. É conhecido por seu perfil conservador, discreto e rigoroso nas questões doutrinárias. É contra a comunhão para divorciados recasados e temas polêmicos do pontificado atual. Representaria uma reversão do rumo pastoral iniciado com Francisco. Tem pouco apelo midiático, mas muito respeito nos bastidores do Vaticano. É favorito entre os cardeais tradicionalistas europeus. Sua eleição sinalizaria fortalecimento da ortodoxia eclesial. Perfil técnico, disciplinado e distante de polêmicas públicas.
Cardeal ganês nascido em 1948, é um dos nomes africanos mais cotados ao papado. Presidiu o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral até 2021. Uniu discurso social progressista a valores morais mais conservadores. É defensor da ecologia integral, justiça climática e combate à pobreza. Participa de eventos internacionais com postura equilibrada e diplomática. Seu perfil agrada a setores diversos: sociais, doutrinários e missionários. Representaria uma escolha global e um símbolo da Igreja universal. Sua idade pode pesar contra, mas seu prestígio permanece alto. Tem reputação de conciliador e promotor da dignidade humana. É frequentemente citado como “papa possível” há mais de uma década.
Nascido em 1944, Ouellet é um dos nomes mais experientes do Colégio Cardinalício. Foi prefeito da Congregação para os Bispos por mais de uma década. Tem perfil teológico conservador, mas postura moderada no trato institucional. Já afirmou publicamente que não deseja ser papa, chamando o cargo de “pesadelo”. É respeitado por sua erudição e por manter bom diálogo com teólogos europeus. Foi considerado papável nos conclaves de 2005 e 2013. Sua idade e perfil mais reservado podem ser empecilhos na escolha. Agrada setores doutrinários clássicos, mas sem grande entusiasmo reformista. É discreto, formal e liturgicamente rígido. Sua eleição não é impossível, mas pouco provável.
Guineense nascido em 1945, Sarah é uma das figuras mais conservadoras da Igreja. Foi prefeito da Congregação para o Culto Divino até 2021. É defensor intransigente da liturgia tradicional e da moral sexual católica. Crítico do pontificado de Francisco, foi afastado de postos centrais no Vaticano. Tem enorme apoio de grupos tradicionalistas e conservadores ao redor do mundo. Seus livros são best-sellers no meio eclesial de direita. Defende silêncio, reverência e a centralidade da Eucaristia. Seria uma guinada radical em relação à linha pastoral recente. Seu nome ainda circula com força apesar das polêmicas. Eleito, representaria um papado contrarreformista e restaurador.
Cardeal americano nascido em 1948, é a voz mais vocal da ala ultraconservadora. Foi afastado de funções de liderança após criticar repetidamente o Papa Francisco. Defende a missa tridentina, é contra o ecumenismo e a abertura pastoral moderna. Já liderou campanhas públicas contra documentos sinodais e encíclicas progressistas. É figura muito polêmica dentro e fora da Igreja, especialmente na mídia católica. Agrada a uma minoria de cardeais, mas tem rejeição ampla no colégio cardinalício. É considerado improvável, mas sua nomeação indicaria cisma ou ruptura. Sua linguagem combativa contrasta com o espírito sinodal atual. Figura mais como símbolo do que como candidato real. Sua eleição é vista como extrema e improvável.
Arcebispo de Utrecht, nasceu em 1953 e é médico e bioeticista de formação. Tem forte atuação em temas morais como eutanásia, aborto e identidade de gênero. É um dos poucos cardeais europeus com atuação firme em temas bioéticos. Sua teologia é firme, clara e conservadora, sem espaço para ambiguidades. Tem influência na Holanda, país marcado pelo secularismo agressivo. É admirado por sua consistência doutrinária e postura discreta. Não é figura midiática nem polarizadora, mas é respeitado por pares. Seria um papa discreto, técnico e altamente ortodoxo. Sua eleição é possível, mas sem apoio amplo de setores reformistas. Representaria a reafirmação moral da doutrina frente à cultura relativista.