A revista “Flavorwire” publicou uma lista com as dez melhores representações de beijo de toda a história da arte. A seleção foi realizada pelo jornalista e crítico de arte Paul Laster, e reúne obras icônicas expostas em grandes museus e galerias do mundo. As peças demonstram como o amor inspirou artistas de diferentes épocas e também a pluralidade com a qual ele pode ser retratado, ou seja, promovem um verdadeiro passeio por diversos movimentos estéticos. Foram lembrados pinturas de Gérôme, Henri de Toulouse-Lautrec e Gustav Klimt; esculturas de Rodin e Brancusi; esboços de Picasso; pop arts de Man Ray, entre outros. A seleção foi organizada em ordem cronológica.
O quadro do pintor francês Jean-Léon Gérôme faz parte do acervo do Metropolitan Museum of Art, de Nova York. A obra representa um mito grego de mesmo nome, no qual o rei Pigmaleão cria uma escultura em busca da representação da mulher perfeita. Quando o homem termina de lapidá-la, a estátua é trazida à vida pela deusa Afrodite. A pintura demonstra o momento em que o rei, então, abraça e beija a sua criação, em carne e osso.
A obra pós-impressionista de Henri de Toulouse-Lautrec faz parte de uma coleção particular, com localização indefinida. Ela retrata o momento em que duas prostitutas se beijam na cama de um quarto de bordel. Frequentador assíduo de cabarés, os ambientes boêmios eram tema comum de inspiração para o artista. Além das pinturas em tela, Toulouse-Lautrec também produzia cartazes para as casas noturnas, cuja inovação de design começou a definir o que ficaria conhecido mais tarde como Art Nouveau.
A escultura em mármore, que está atualmente no Museu Rodin, em Paris, era originalmente chamada de “Francesca da Rimini”, nobre retratada em “O Inferno de Dante”. A jovem aristocrata se apaixona pelo irmão mais novo de seu marido logo após o casamento arranjado. O homem traído flagra os amantes, e decide matá-los. É possível observar que na obra de Rodin, os lábios do casal não se tocam, sugerindo que eles foram interrompidos no ato.
O quadro “O Beijo” é uma das obras mais conhecidas de Klimt, e está localizado na Österreichische Galerie Belvedere, em Viena. Há diversas interpretações para a pintura, que demostra a obsessão do artista pelo enlace humano. Alguns acreditam que ela retrata puramente a satisfação da união erótica, no entanto há quem a compreenda como um questionamento de duas diferentes identidades sexuais.
Os fotogramas de Ray eram obtidos colocando-se objetos sobre um papel fotossensível e em seguida expondo-os à luz. “O Beijo” é uma das primeiras imagens resultantes desse processo. Para produzi-la o fotógrafo utilizou a silhueta de um par de mãos, colocadas sobre o papel fotográfico. Em seguida, ele repetiu o procedimento utilizando um par de cabeças. Era comum Ray emprestar um caráter autobiográfico às suas obras, por isso acredita-se que a fotografia retrata o relacionamento com a sua amante, Kiki de Montparnasse.
A obra faz parte do acervo do Museum of Modern Art, de Manhattan. Ela retrata um estado de felicidade romântico da vida real: o aniversário da esposa de Chagall, Bella. O artista eternizou na pintura o beijo dado na mulher em comemoração à data festiva, quando voltava de Paris para a Rússia em sua companhia. Cheia de símbolos, a obra destaca o conhecimento expressivo de cor e densidade de Marc.
A escultura expressionista do artista franco-romeno é uma obra abstrata, e, por isso, oferece interpretações simbólicas. Nela, o que pode se identificar como sendo um corpo masculino e um feminino foram um só, como se fizessem uma fusão. Brancusi esculpiu outras quatro versões do casal ao longo da sua carreira. No entanto, dentre todas, “O Beijo” é considerada a mais geométrica e é também uma das mais conhecidas do artista.
Considerada perturbadora e intrigante, a obra surrealista “Os Amantes” está alocada na Galeria Nacional da Austrália. A origem do casal com o rosto coberto possivelmente advém da literatura francesa, inspirada no Fantôma — um vilão retratado sempre com o rosto coberto. Outra teoria é a de que a pintura faz referência à morte da mãe do artista, que se matou saltando em um rio, e foi encontrada com o vestido enrolado na cabeça.
Na ilustração cubista de Picasso, o casal se une por meio de um beijo expressivo. O esboço foi feito a lápis espontaneamente, em um momento de inspiração no 86º aniversário do autor. Apesar de ser considerada enigmática, muitos críticos admitem a obra como uma captura da alegria de vida do artista, exprimindo paixão e ternura. A ilustração está disponível no Museu Picasso, em Paris. Assim como a pintura derivada do esboço, que foi finalizada dois anos depois.
Roy Lichtenstein retratou vários casais em suas pinturas, porém “Kiss V” é uma das mais populares. Com uma interpretação refinada dos clichês de histórias em quadrinhos, a pintura estiliza figuras em pop art. Na obra, o que parece ser um reencontro ou uma despedida, causa um impacto icônico não só em função da estética, mas também da paixão expressada pelo casal. A pintura está disponível na Galerie Kellermann, em Düsseldorf, na Alemanha.