Aclamado no Festival de Toronto, drama fez a Netflix desembolsar 35 milhões de reais para tê-lo no catálogo Divulgação / Animal Pictures

Aclamado no Festival de Toronto, drama fez a Netflix desembolsar 35 milhões de reais para tê-lo no catálogo

Do diretor de “Saída à Francesa”, Azazel Jacobs, “As Três Filhas” é um drama lançado em 2023 no Festival de Toronto e que acaba de chegar à Netflix. O enredo explora a dinâmica entre três irmãs durante os dias finais de seu pai moribundo. A maior parte do filme se passa no apartamento onde o pai vive com a caçula, Rachel (Natasha Lyonne), responsável por seus cuidados. Com a morte se aproximando e o desejo de Vincent (Jay O. Sanders) de não ser ressuscitado em caso de parada cardíaca, elas precisam se unir para tomar decisões finais e se despedir.

Cada filha tem uma personalidade distinta. Rachel, embora seja a principal cuidadora do pai, é vista como a mais despreocupada e indiferente. Ela passa boa parte do dia fumando maconha e lidando com a situação de maneira sarcástica e emocionalmente distante. No entanto, essa atitude é uma forma de mascarar seu sofrimento diante do luto iminente. Sempre recebendo críticas da irmã mais velha sem se defender, Rachel revela-se uma figura frágil e insegura.

Christina (Elizabeth Olsen) é a irmã do meio, aparentemente a mais sensível e emotiva, sempre em busca de validação e tentando agir de maneira correta e responsável. Embora seja menos dura com a irmã mais nova, não consegue se opor à autoridade da irmã mais velha, Katie (Carrie Coon).

Katie está constantemente assumindo o controle e demonstrando poder e severidade. Pragmática e controladora, ela sente a necessidade de colocar ordem na casa e fazer com que as irmãs mais novas sigam as regras para que tudo se mantenha em pé durante a crise. Suas emoções são frequentemente reprimidas por sua rigorosidade e liderança.

Com personalidades tão distintas, os desentendimentos e conflitos são frequentes. O filme explora a dinâmica dessa relação em meio à morte iminente do pai. “As Três Filhas” tem um ritmo lento e uma abordagem sutil e introspectiva, repleta de diálogos longos, onde os personagens se abrem emocionalmente, expressando seus sentimentos por meio de palavras – e não tanto por demonstrações não verbais. Até mesmo as explosões emocionais são contidas e amplamente verbalizadas, o que evita que o espectador tenha que adivinhar subjetivamente como os personagens vivenciam suas emoções. Ao mesmo tempo, e isso pode parecer contraditório, há muitos silêncios carregados de significado.

Apesar de apresentar três estereótipos de filhas, Azazel Jacobs explora a personalidade e as emoções de cada uma, revelando a profundidade e a complexidade de cada personagem, assim como suas experiências individuais e como elas moldam suas reações ao luto.

“As Três Filhas” é um estudo de personagem que nos permite interpretar cada uma delas, refletir sobre suas ações e compará-las com nossas próprias experiências, levando-nos a pensar sobre nossas escolhas e decisões.


Filme: As Três Filhas
Direção: Azazel Jacobs
Ano: 2023
Gênero: Drama
Nota: 8