A primeira comédia romântica da Netflix em 2024 a ficar mais de 60 dias no Top 10 mundial Divulgação / Netflix

A primeira comédia romântica da Netflix em 2024 a ficar mais de 60 dias no Top 10 mundial

Há uma saturação no mundo das comédias românticas? Se observarmos o que “A Mãe da Noiva” oferece, parece bastante claro que ainda há muito espaço para o gênero explorar, tamanha é a riqueza de situações envolvendo casais, cerimônias, festas e, obviamente, os personagens que orbitam um dos momentos mais marcantes na vida de alguém. Seja o casamento bem-sucedido ou não — e, no caso de divórcios, as memórias desse evento frequentemente belo e emotivo podem se tornar ainda mais difíceis de ignorar.

Mark Waters resgata e revigora alguns dos elementos centrais que definem o gênero, inclusive de suas próprias obras, como “E Se Fosse Verdade” (2005), que narra o romance improvável entre um homem e uma mulher, mesmo após a morte de um deles, e “A Casa do Sim” (1997), onde uma paixão impossível também é tratada com uma dose de humor. Neste novo trabalho, o roteiro de Robin Bernheim explora as angústias de uma noiva que, às vésperas de seu casamento, se vê confrontada com as opiniões pouco lisonjeiras de sua mãe sobre o noivo. Essas impressões negativas têm origem em uma experiência passada da mãe com o pai do futuro marido, o que cria uma trama onde o absurdo reina, e o público entende rapidamente que o filme não deve ser levado tão a sério. É nesse ponto que o trabalho de Waters perde força, falhando em entregar um enredo coeso.

Se alguém conseguisse criar uma fórmula infalível para manter relacionamentos, certamente se tornaria não apenas extremamente rico, mas também uma figura onipresente na cultura popular. O autor dessa façanha seria mencionado à exaustão, a ponto de se arrepender de sua descoberta. E antes mesmo disso, já se questionaria repetidamente sobre o motivo de ter encontrado tal fórmula, visto que muitas pessoas que decidem se unir a outra não deveriam sequer cogitar tal compromisso. Contudo, não há necessidade de desespero para aqueles que não querem mais permanecer com quem o destino, ou as próprias ações, já tratou de afastar. De fato, há quem se especialize em acelerar esses rompimentos, e essas figuras problemáticas costumam aparecer em abundância nas comédias românticas, trazendo uma dinâmica interessante ao gênero.

Emma e RJ aproveitam as férias para planejar cada detalhe do casamento dos sonhos, que acontecerá em um mês na Tailândia. Desde o início, fica claro que a relação entre Emma e sua mãe, Lana, é distante, já que a mãe não sabe praticamente nada sobre o noivo da filha. O enredo sugere uma conexão entre o noivo e o passado de Lana, e essa desconexão entre os personagens é apresentada de forma um tanto desleixada pelo diretor. Fica a cargo do espectador tentar entender por que há tanto desconhecimento entre eles.

A química fraca entre Miranda Cosgrove e Sean Teale também se estende ao casal mais velho, Lana e Will, interpretados por Brooke Shields e Benjamin Bratt, que parecem deslocados na trama. O desastre só não é completo devido às atuações de Clay e Scott, personagens interpretados por Michael McDonald e Wilson Cruz, que, embora caricatos, trazem um toque de humor e relevância. No fim das contas, o filme entrega uma mistura sem sabor, repleta de clichês disfarçados de profundidade — exatamente o tipo de erro que uma boa comédia romântica deveria evitar.


Filme: A Mãe da Noiva
Direção: Mark Waters
Ano: 2024
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 7/10