Assistida por 35 milhões nos cinemas, comédia romântica com Matthew McConaughey, na Netflix, arrecadou 800 milhões de reais Divulgação / Paramount Pictures

Assistida por 35 milhões nos cinemas, comédia romântica com Matthew McConaughey, na Netflix, arrecadou 800 milhões de reais

O amor é uma força que nos iguala a todos. Seja por influência direta ou indireta, acabamos nos comportando de maneira boba, confusa e até ridícula quando vemos alguém envolto no fascínio da paixão. A simples visão de uma pessoa encantada pelo “passarinho colorido”, seja qual for a cor que prefira, desperta em nós uma mistura de alegria compartilhada e, em alguns casos, até um toque de inveja, especialmente entre aqueles que ainda não encontraram sua “metade da laranja”. No entanto, esse encanto universal não é exatamente o foco de “Como Perder um Homem em 10 Dias”. Nesta deliciosa comédia romântica, o filme opta por satirizar o amor e todas as suas complicações, provocando risadas ao invés de emoções mais profundas.

Com direção de Donald Petrie, conhecido por sua habilidade em explorar os altos e baixos do romance, a narrativa gira em torno de um publicitário galanteador e uma jornalista cética, ambos comprometidos mais com suas apostas e carreiras do que com o amor verdadeiro. A trama, baseada no livro homônimo de 1998 de Kristen Buckley, Michelle Alexander e Jeannie Long, traz um toque refrescante e exagerado à tela, onde Petrie manipula as situações improváveis com maestria, criando um jogo de gato e rato que diverte justamente por ser distante da realidade.

Desde os tempos primitivos, o desconhecido sempre atormentou a humanidade, e o amor, sendo talvez o maior dos mistérios, segue desafiando nosso entendimento. Mesmo que tentemos buscar respostas simples, o amor raramente se revela da forma esperada. Ele aparece nos momentos mais inusitados, e é nessas situações que a confusão emocional se instala, transformando a experiência em algo imprevisível.

Essa imprevisibilidade é justamente o ponto forte de “Como Perder um Homem em 10 Dias”. A trama coloca Ben Barry, o irresistível cafajeste interpretado por Matthew McConaughey, em uma missão aparentemente impossível: ele precisa conquistar qualquer mulher e, ao fazê-lo, garantirá um contrato milionário com uma joalheria de luxo. Entretanto, o destino, sempre disposto a pregar peças, coloca Andie Anderson em seu caminho.

Andie, vivida por Kate Hudson, é uma colunista de sucesso em uma revista feminina, e está igualmente envolvida em uma missão própria: provar que qualquer homem pode ser manipulado e, eventualmente, rejeitado. Com objetivos tão opostos e ao mesmo tempo tão semelhantes, os dois personagens se encontram em uma trama que brinca com as reviravoltas típicas do amor e da comédia romântica.

O filme caminha habilmente entre cenas que variam de encontros desastrosos a momentos de pura diversão. Donald Petrie equilibra o humor escatológico com situações que, por mais absurdas que sejam, conseguem ressoar com o público. Afinal, quem nunca passou por uma experiência amorosa onde, apesar das melhores intenções, tudo deu errado? O filme, no entanto, não deixa de lado a crítica implícita ao jogo de aparências e manipulações que, em muitos casos, caracteriza os relacionamentos modernos.

O que torna “Como Perder um Homem em 10 Dias” tão encantador é justamente a identificação que o espectador cria com os personagens. Todos, em algum momento da vida, já foram um “Bem” ou uma “Andie”, envolvidos em estratégias e esquemas que, por mais bem planejados que sejam, acabam se voltando contra nós. E é nesse jogo de manipulação que o filme encontra seu tom cômico, ao lembrar que no amor, na guerra e, especialmente, no mundo corporativo, tudo é válido quando o objetivo é vencer.

Assim, “Como Perder um Homem em 10 Dias” não é apenas mais uma comédia romântica; é uma reflexão leve e divertida sobre os tropeços que cometemos em nome do amor e do sucesso.


Filme: Como Perder um Homem em 10 Dias
Direção: Donald Petrie
Ano: 2003
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 8/10