Filme mais assistido de 2023, com 153 milhões de espectadores, ação ficou 8 semanas no TOP 10 da Netflix Divulgação / Netflix

Filme mais assistido de 2023, com 153 milhões de espectadores, ação ficou 8 semanas no TOP 10 da Netflix

Criar filhos talvez seja uma das jornadas mais desafiadoras e profundas que alguém pode enfrentar, revelando constantemente novas fronteiras de paciência e resistência. Na trama abordada pela cineasta neozelandesa Niki Caro, a mãe referida no título enfrenta um destino que a transforma em uma exilada dentro da própria vida. Ela não renuncia a uma carreira duvidosa, e mesmo que o fizesse, isso não alteraria significativamente sua situação.

Ela se vê, com uma certa resignação, à mercê de decisões tomadas sem sua participação, tornando-se uma fugitiva em batalhas que lhe são impostas contra sua vontade. Caro parte de um ponto aparentemente genérico e, aos poucos, conduz a narrativa em direção ao cerne da questão: a desconexão inevitável entre duas pessoas que deveriam permanecer unidas. O desenlace revela que, uma vez rompido o laço, não há volta possível ao ponto de partida.

O dia começa sob um céu sombrio, tingido de azuis profundos, no pacato subúrbio de Linton, Indiana. À primeira vista, uma casa de classe média comum parece não ter nada de extraordinário, mas ela abriga uma operação do FBI dedicada a desmantelar uma rede internacional de tráfico de armas. Essa organização é liderada por Adrian Lovell e Hector Álvarez, interpretados por Joseph Fiennes e Gael García Bernal, criminosos que demonstram uma notável habilidade para escapar das investidas da polícia federal.

Às seis e quatorze da manhã, o agente William Cruise, vivido por Omari Hardwick, inicia o interrogatório de uma prisioneira, com perguntas sobre metralhadoras soviéticas PKM, minas terrestres M18 e lança-foguetes de procedência duvidosa. Logo, o inevitável acontece.

A cena inicial, executada com a precisão e a força de uma arma de guerra, submerge o espectador em uma avalanche de ação e detalhes minuciosos, deixando-o maravilhado e, ao mesmo tempo, desorientado. O roteiro, assinado por Andrea Berloff, Misha Green e Peter Craig, mantém um ritmo tenso e aproveita cada oportunidade para desenvolver os aspectos secundários da trama até o desfecho.

A personagem de Jennifer Lopez, uma mãe sem nome, é perseguida porque sabe demais. Mesmo sob a proteção do Estado, sua vida está em constante risco, o que se torna evidente quando Álvarez, em uma ação planejada, a surpreende com um ataque devastador, ferindo gravemente o agente Cruise. A ligação entre Álvarez e a protagonista, embora já fosse evidente, torna-se clara nessa sequência, onde o filme começa a ganhar forma.

Até o final, onde Niki Caro joga suas últimas cartas e desvenda o verdadeiro caráter de sua protagonista, “A Mãe” é uma sucessão de cenas intensas e bem elaboradas, cheias de reviravoltas inesperadas. Jennifer Lopez mostra sua versatilidade, dominando cada momento. A possibilidade de um romance entre sua personagem e Cruise perde força à medida que Zoe, interpretada por Lucy Paez, assume um papel central na narrativa. A fotografia precisa de Ben Seresin contribui para manter a atmosfera noir introduzida no início, garantindo que o filme permaneça fiel à sua tonalidade sombria e envolvente.


Filme: A Mãe
Direção: Niki Caro
Ano: 2023
Gêneros: Mistério/Aventura
Nota: 8/10