O lupino escritor Monteiro Lobato, inimigo público número um dos politicamente corretos de plantão, escreveu que “um país se faz com homens e livros”. É verdade. Também é bom lembrar que às vezes algumas pessoas têm suas convicções mais profundas abaladas pela leitura de certos livros. Esse tipo de choque pode ser muito bom, principalmente nos casos citados abaixo. A Revista Bula lista 12 livros que fazem certos estereótipos ambulantes fecharem a última página cantando, no melhor estilo Maysa: meu mundo caiu.
Poderia ser “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, mas como esses tipos dificilmente chegam perto de livros escritos por rosas, citamos o “Morte em Veneza”, de Thomas Mann. Com “morte” no título pode ser que o livro chame sua atenção e quando menos esperar nosso enrustido vai estar fisgado, refletindo se esta lendo uma história de amor trágica, que por ventura é homossexual, ou uma fábula sobre o perigo de se contemplar a suprema beleza.
Parece perfeito: quase todos os homens da trama são canalhas, estupradores de fato ou estupradores em potencial. A mocinha se vinga brutalmente de um burocrata escroto que bem mereceu. A mocinha é mais inteligente e carismática que o mocinho. A mocinha usa sexualmente o mocinho. A mocinha engana o sistema patriarcalista que a oprime e dá um golpe milionário no final. Seria perfeito se não fossem… as continuações que você vai se sentir obrigada a ler e ver que estragaram tudo, mostrando que a mocinha não é invencível nem imune aos próprios sentimentos.
Sim, meu caro amigo de cachimbo e pulôver, “O Pequeno Príncipe”, é uma pequena pérola de sofisticação, beleza e sabedoria. Quem disse que misses não podem ser inteligentes?
Sim, meu caro amigo de camisa do Che, eu sei que você sabe que, ao contrário do que aquele careca de suspensórios do seu condomínio grita por aí, o Holocausto aconteceu sim, mas lembre-se que as Gulags do companheiro Stálin também. Pergunte para Alexander Soljenítsin. E não vale dizer que todo dissidente mente, isso é uma rima, não é uma solução.
Você que sabe tudo de tudo, tente explicar as bases legais do que aconteceu nesse livro. Se errar sua punição será a morte. Não adianta reclamar, eu sei que não é justo nem faz sentido. Isso é kafkiano, meu caro. A opção é acordar transformado em um inseto. Escolha.
Isso é o que pode te acontecer, se você se esforçar mais em seus hobbies. É, talvez não seja tão ruim. Afinal, Burroughs morreu velho, famoso e segurando uma arma, caso alguém aparecesse para reclamar.
Você pode ser vítima de um monstro que não criou, mas que não se opôs a criação.
Sim, você se parece com a Elizabeth Costello quando fala.
Nossa! Que livro… grosso…
O incrédulo sacrílego vai ser obrigado a admitir que o bom padre Brown derrota fácil Sherlock Holmes, Poirot, Dupin & companhia.
Tudo bem, sem pânico, sempre tem o novo disco… ou os antigos.
Tudo foi um grande mal entendido.