A Bula pediu aos seus leitores e colaboradores que apontassem os melhores livros de 2017. Os dez mais votados foram reunidos em uma lista, sem critério classificatório. Apesar de a seleção levar em conta apenas livros lançados em território nacional a partir de janeiro deste ano, as versões originais de algumas publicações são de anos anteriores, como é o caso de “Manual da Faxineira”, de Lucia Berlin, lançado nos Estados Unidos em 2015. Além dele, há também “O Mestre e Margarida”, de Mikhail Bulgákov, publicado originalmente em 1960, e pela primeira vez no Brasil em 2010. No entanto, apenas em 2017 ele ganhou uma tradução direta do russo, a partir de sua última versão crítica publicada no país euro-asiático. Motivo pelo qual o livro também foi considerado para a lista. As descrições das obras foram adaptadas das sinopses das editoras.
O Mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov
“O Mestre e Margarida”, de Mikhail Bulgákov, é considerado um dos grandes romances do século 20. Situado na Moscou dos anos 1930, o livro narra as peripécias de satã na cidade. Acompanhado de um séquito infernal — um gato falante e fanfarrão, um intérprete trapaceiro, uma bela bruxa e um capanga assustador — , seu caminho se cruzará com o dos amantes Mestre e Margarida.
Manual da Faxineira, de Lucia Berlin
Lucia Berlin teve uma vida repleta de reviravoltas antes de se tornar uma aclamada professora universitária. Aos 32 anos, já havia vivido em diversos países, passado por três casamentos e trabalhado como professora, telefonista, faxineira e enfermeira para sustentar os quatro filhos — ao mesmo tempo em que enfrentava o alcoolismo. Dessas vastas vivências, ela retira inspiração para escrever os contos que a consagraram como mestre do gênero em “Manual da Faxineira”.
O Palácio da Memória, de Nate DiMeo
Seleção de algumas das narrativas apresentadas por Nate DiMeo em “The Memory Palace”, um dos podcasts de maior sucesso dos Estados Unidos, “O palácio da Memória” reúne, pela primeira vez em livro, um conjunto absolutamente viciante de histórias sobre pessoas comuns que enfrentaram — com coragem, paixão e inteligência — as vicissitudes, grandes e pequenas, oferecidas pela vida.
O Vendido, de Paul Beatty
Nascido em Dickens, no subúrbio de Los Angeles, Eu, o narrador de “O Vendido”, passou a maior parte da juventude como cobaia para estudos raciais realizados por seu pai, um polêmico sociólogo. Quando o pai é morto em um tiroteio com a polícia e Dickens desaparece do mapa da Califórnia por motivos políticos e econômicos, Eu se junta a Hominy Jenkins, o mais famoso morador local, para tentar salvar a cidade por meio de um controverso experimento social.
O Último Grito, de Thomas Pynchon
Meses antes do ataque terrorista contra as Torres Gêmeas, a simpática Maxine, uma especialista em fraudes fiscais, é contratada por um documentarista para investigar as movimentações suspeitas de uma start-up. A trilha do dinheiro desviado parece levar a Gabriel Ice, misterioso investidor que anda interessado em comprar o código-fonte do DeepArcher, um novo videogame que transforma a deep web (web invisível) numa realidade virtual habitável.
A Invenção de Paris — A Cada Passo uma Descoberta, de Eric Hazan
Com faro de contador de histórias e rigor de pesquisador, Hazan faz em seu livro uma biografia afetiva e não-oficial de Paris, passo a passo, século a século, revivendo a história oculta da capital francesa. O autor produz essa história com base em seu extenso conhecimento da cidade — onde mora desde que nasceu — e também recorrendo aos grandes literatos e artistas que passaram por suas ruas.
Enquanto Houver Champanhe, Há Esperança, de Joaquim Ferreira dos Santos
Por quase trinta anos, entre 1969 e 1997, a sociedade brasileira foi desnudada pela escrita espirituosa do jornalista Zózimo Barrozo do Amaral em sua coluna diária no “Jornal do Brasil” e depois em “O Globo”. Joaquim Ferreira dos Santos reconstitui toda a trajetória do colunista, desde sua infância, no bairro carioca do Jardim Botânico, passando por seu começo de carreira quase acidental, até conquistar uma coluna assinada no Jornal do Brasil, aos 27 anos.
Jogo de Cena em Bolzano, de Sándor Márai
Condenado pela Inquisição por levar uma vida herética, Giacomo Casanova passou 16 meses numa prisão de segurança máxima até conseguir fugir. Três dias depois da fuga, o forasteiro chega a Bolzano, no extremo norte da Itália. Lá, usará todas as artimanhas para bancar uma dispendiosa vida, mas terá seu destino abalado pelo encontro com fantasmas de um passado recente.
Jamais o Fogo Nunca, de Diamela Eltit
“Jamais o Fogo Nunca” é o primeiro romance da escritora chilena Diamela Eltit traduzido para o público brasileiro. Com um título que provém de um enigmático verso de César Vallejo, o romance se constitui pela voz, em primeira pessoa, de uma mulher cujo dado biográfico essencial é ter sido uma sobrevivente da luta política no período do regime militar, luta que trouxe consigo a delação, o cárcere e a perda de um filho.
Anos de Formação, de Ricardo Piglia
A obra é construída a partir de diários preenchidos por Ricardo Piglia ao longo de sua vida. No entanto, a narrativa fica a cargo de Emilio Renzi, alter ego do escritor. Trata-se da história de um artista jovem tentando encontrar o seu lugar no mundo, entre erros e acertos. Um livro central para o nosso tempo, escrito numa prosa altamente literária que não abdica da discussão de ideias, do prazer do texto e da imaginação mais poderosa.