Solemar Oliveira

Bula de livro: Ensaio Sobre o Louco por Cogumelos, de Peter Handke

Bula de livro: Ensaio Sobre o Louco por Cogumelos, de Peter Handke

Em “Ensaio Sobre o Louco por Cogumelos”, parece que estamos diante de um super-herói iminente, em construção. Que retira do mundo dos cogumelos uma energia que condensa para, logo após, explodir em um superpoder fantástico. Mas a narrativa, também, está carregada de uma melancolia, de um tom fatídico e irrompe para o terror e a perspectiva do desastre. Sabemos, a todo tempo, que o louco por cogumelos desapareceu e estamos preocupados com seu fim.

Bula de Livro: Stella Maris, de Cormac McCarthy

Bula de Livro: Stella Maris, de Cormac McCarthy

McCarthy parece dizer que os gênios são loucos, e os matemáticas são uma classe especial de loucos-gênios que, nas palavras da protagonista, é um grupo muito seleto, com características bem parecidas. Assim, a loucura, em proporcionalidade, é uma fuga da genialidade, para evitar o colapso. Mas, também parece dizer que isso é apenas questão de tempo. O gênio não pode ser freado, portanto a loucura também não.

Bula de Livro: Rinha de Galos, de María Fernanda Ampuero

Bula de Livro: Rinha de Galos, de María Fernanda Ampuero

Ao lado de escritoras de língua espanhola atuais, como Selva Almada, Samantha Schweblin, Rosa Montero, Mariana Enriquez, dentre outras, está María Fernanda Ampuero, e seu mundo desconcertantemente real. Tendo como protagonistas mulheres, em sua maioria vivendo à margem, no limite de suas possibilidades, sentimentos e forças, ela elabora, com profunda competência, uma teia de histórias dramáticas, com fúria e detalhes terríveis, para mostrar que o mundo em que fomos atirados para viver, não é nada belo ou atraente.

Bula de Livro: Escute as Feras, de Nastassja Martin

Bula de Livro: Escute as Feras, de Nastassja Martin

Li “Escute as Feras”, de Nastassja Martin, e gostei. Na verdade, gostei bastante. Não perdi o sono, mas quase. Sabe aquela velha piada, uma espécie de spoiler que nos contam quando decidimos ler um livro ou assistir a um filme, quando alguém diz: “Ela morre no final?” Aqui não funciona! Nástia, a narradora, morre no começo! Não é a morte física, mas a morte como um símbolo de transformação.

Bula de Livro: O Estrangeiro, de Albert Camus

Bula de Livro: O Estrangeiro, de Albert Camus

As palavras iniciais do romance, narrado em primeira pessoa, orientam para o que se desenvolverá em todo o livro. A morte da mãe, o episódio da dor maior se tornará o crime pelo qual o protagonista será julgado, apesar de não o ter cometido. Por outro lado, Meursault fez algo pior. Matou um homem por causa do calor, do brilho do sol, do enfado da praia no final de tarde. Atirou friamente e condenou a si próprio: “Então atirei quatro vezes ainda num corpo inerte em que as balas se enterravam sem que se desse por isso. E era como se desse quatro batidas secas na porta da desgraça”.