O filme do Prime Video que ninguém cansa de assistir Divulgação / Prime Video

O filme do Prime Video que ninguém cansa de assistir

O amor, com suas contradições e caprichos, muitas vezes parece um jogo de forças opostas, exigindo a destruição de barreiras invisíveis para permitir que a felicidade floresça. Em “Minha Culpa”, o diretor Domingo González aborda a complexidade dos sentimentos amorosos, sugerindo que o conflito é intrínseco à paixão. Em sua estreia na direção de um longa, González se destaca ao explorar os núcleos familiares íntimos, embora tropece ao sugerir padrões morais — algo que está longe de ser a virtude dos personagens.

A vida, por sua vez, é uma teia de mistérios, e o amor surge como o enigma mais fascinante dessa trama. Duas histórias separadas, dois caminhos que se entrelaçam, criando um espetáculo de cores e intensidade. Noah, sem ter plena consciência do que busca, está à procura desse tipo de magia. Enquanto seus sonhos permanecem indefinidos, ela precisa encarar os próprios demônios e deixar o passado para trás. Seu quarto, repleto de memórias ambíguas, é o primeiro campo de batalha; a grande mala roxa simboliza essa tentativa de recomeço.

O roteiro, baseado na obra de Mercedes Ron, espalha indícios de um ambiente carregado de tensão. Essa atmosfera se intensifica com a chegada de Rafaella, a mãe de Noah, interpretada por Marta Hazas. Com uma vilania quase involuntária, fruto de uma frivolidade disfarçada, Rafaella leva a filha para o imponente palacete onde vive com William Leister (Iván Sánchez). A opulência do lugar, marcada por jardins extensos e salões ornamentados, parece contrastar com a ausência de uma biblioteca — um detalhe sutil, mas revelador.

Noah, embora inicialmente deslumbrada com o novo quarto, carrega em seu olhar a perplexidade de quem não se encaixa. Esse sentimento se transforma em uma raiva silenciosa, alimentada pela obrigação de conviver com uma elite superficial e arrogante. A tensão cresce à medida que Noah é consumida por emoções desconhecidas, desencadeando o arco central da narrativa.

À medida que a história avança, González constrói a relação entre Noah e Nick (Gabriel Guevara), seu meio-irmão. Paralelamente, subtramas ganham densidade, como a de Ronnie (Fran Berenguer), um líder de gangue que transita entre a marginalidade e a decadência da elite. A presença de Guevara reforça a impressão de que “Minha Culpa” é uma versão contemporânea de “As Ligações Perigosas” (1782), o clássico de Choderlos de Laclos.

O filme se desenrola em uma dança entre o novo e o familiar, entregando uma trama que, embora repleta de clichês renovados, ainda consegue capturar a essência das paixões proibidas.

Filme: Minha Culpa
Diretor: Domingo González
Ano: 2023
Gênero: Drama
Avaliaçao: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★