Comédia romântica com Mila Kunis e Justin Timberlake que vai melhorar seu dia instantaneamente, na Netflix David Giesbrecht / Sony Pictures

Comédia romântica com Mila Kunis e Justin Timberlake que vai melhorar seu dia instantaneamente, na Netflix

Dias desafiadores são seguidos por noites geladas, onde a cama se torna um vasto vazio branco de lençóis, apenas superado pela exaustão física. Ainda assim, há sempre um momento em que a solidão, após suas gentilezas temporárias, revela suas garras afiadas, prontas para iniciar seu ataque. “Amizade Colorida” é mais uma comédia romântica de Hollywood que retrata pessoas cujas vidas, marcadas por sucesso, dinheiro e beleza, não conseguem apaziguar uma necessidade essencialmente humana.

Esta urgência, profunda e incontornável, logo se transforma naquele sentimento ao mesmo tempo assustador e sedutor, capaz de alimentar a última faísca de esperança que a humanidade ainda evoca. Will Gluck, que já havia explorado essa trilha em “Pelas Garotas e Pela Glória” (2009), aprimora o embate emocional, focando na relação complexa e civilizada de dois adultos que, a princípio, parecem inabaláveis em sua independência. Contudo, logo os sinais começam a aparecer: mãos suadas sem explicação, corações acelerados e um turbilhão de sensações que, embora inesperadas, são reveladoras, deixando todos transformados.

Jamie, uma executiva nova-iorquina, administra cada aspecto de sua vida com a mesma eficiência que exibe no trabalho. Quando cruza com Dylan, um diretor de arte em ascensão que ganha notoriedade por suas opiniões sobre moda em um popular site, ela rapidamente o vê como uma oportunidade para impulsionar sua própria carreira. Ela aposta alto em uma reformulação visual da revista onde trabalha, cujo desempenho financeiro a preocupa ligeiramente. É nas entrelinhas que o roteiro de Gluck, em parceria com seus coautores, se destaca.

O temperamento e as nuances do casal protagonista são explorados com perspicácia. Mila Kunis imprime à sua personagem uma agressividade tipicamente masculina, enquanto Justin Timberlake, como o par romântico, expressa uma vulnerabilidade contida. Juntos, os dois atores constroem figuras marcantes, com performances que escapam do óbvio.

O diretor brinca com a inversão de papéis, transformando Kunis numa espécie de cafajeste, enquanto Timberlake adota uma postura mais cautelosa, como se já antevisse o desfecho de toda essa história. À medida que a possível contratação de Dylan se arrasta, os jantares entre os dois se acumulam até que, inevitavelmente (ou não?), acabam na cama, em uma cena brilhantemente escrita e interpretada com maestria.

O elenco coadjuvante adiciona ainda mais peso à narrativa. Richard Jenkins entrega uma performance comovente como o pai de Dylan, Harper, enquanto Patricia Clarkson interpreta Lorna, a mãe irreverente de Jamie. Entretanto, é Woody Harrelson, no papel de Tommy, o editor de esportes gay e extravagante, que rouba a cena ao se tornar o confidente inesperado de Dylan, recém-envolvido emocionalmente. Esse grupo de apoio injeta frescor em uma trama que, embora abordando um tema tão antigo quanto o próprio tempo, permanece sempre atual enquanto existirem pessoas. E as pessoas, como sempre, sabem surpreender.


Filme: Amizade Colorida
Direção: Will Gluck
Ano: 2011
Gêneros: Romance/Comédia
Nota: 8/10