Filme com Michael Keaton é o melhor suspense de ação que você verá hoje na Netflix Christian Black / CBS Films

Filme com Michael Keaton é o melhor suspense de ação que você verá hoje na Netflix

Homens comuns costumam enfrentar dores internas por anos, tentando administrá-las de maneiras diversas, como terapia, atividades altruístas, esportes ou simplesmente aguardando que o tempo faça seu trabalho. O impacto de traumas varia conforme a personalidade de quem os vive, e quando passam de um mês sem abrandar, a ciência já os considera uma desordem. Ao longo da vida, as quedas que enfrentamos se tornam parte da rotina, e aprendemos a levantar com maior rapidez. A resiliência aumenta, assim como a capacidade de suportar os golpes da vida. A pele endurece, os ossos resistem melhor, e o que antes parecia insuportável acaba sendo visto como algo que nos fortalece e nos faz enxergar o mundo com mais clareza. Esse processo de amadurecimento, que poucos dominam, é essencial para enfrentar as adversidades imprevisíveis que o futuro reserva, pois ele define como nos manteremos firmes diante das turbulências que inevitavelmente surgem no caminho.

É raro que um homem comum se transforme em uma máquina de vingança, mas quando acontece, a motivação, por mais condenável que seja, pode evocar compreensão. O anti-herói de “O Assassino: O Primeiro Alvo” (2017) está movido por uma fúria que o mantém vivo, mas não busca piedade nem redenção. Sua jornada solitária é marcada por um pesar avassalador, que o levaria à ruína se ele já não tivesse tocado as profundezas do inferno. Michael Cuesta, com firmeza, conduz a trama longe de sentimentalismos. O filme é repleto de ação intensa e cenas de luta coreografadas de forma precisa, culminando num desfecho grandioso e devastador. O roteiro, assinado por Zwick, Herskovitz, Finch e Schiff, começa com uma catástrofe que desencadeia o enredo. A narrativa se desenrola com cuidado, onde fragmentos menores complementam as peças maiores, adicionando camadas à medida que a história avança e revela suas intenções.

O Mitch Rapp de Dylan O’Brien é feroz em eliminar inimigos, mas sua sede de vingança não é indiscriminada. Após perder os pais e, em seguida, sua noiva em um ataque terrorista durante uma viagem a Ibiza, Mitch se lança numa cruzada pessoal. A tragédia o transforma em um homem obcecado por justiça, mesmo que essa obsessão o leve a ultrapassar limites éticos e morais. Infiltrado em células terroristas, ele busca os responsáveis pela morte de sua amada, até ser recrutado pela CIA. Sob a tutela de Stan Hurley, vivido por Michael Keaton, um veterano endurecido da Guerra Fria, Mitch aprimora suas habilidades, enquanto a dinâmica entre mestre e aprendiz evolui de maneira conflituosa. Hurley enxerga em Mitch uma versão mais jovem e impetuosa de si mesmo, o que torna a relação entre eles tensa, mas também significativa.

A estrutura do filme segue a conhecida fórmula do homem em busca de reconstrução pessoal, semelhante a outras produções do gênero como “Linha de Frente” (2013). Cuesta imprime um ritmo acelerado e intenso, tornando-o um exemplo de cinema de ação com toques de engajamento político. Embora tenha suas imperfeições, “O Assassino: O Primeiro Alvo” oferece momentos de destaque, especialmente para quem aprecia esse tipo de narrativa. Mesmo com eventuais falhas na construção do enredo, a obra consegue manter o interesse do espectador ao longo de suas reviravoltas, mostrando-se um filme que, apesar de nichado, mantém sua base de fãs fiel e satisfeita.


Filme: O Assassino: O Primeiro Alvo
Direção: Michael Cuesta
Ano: 2017
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 8/10