O filme mais engraçado e divertido que você verá este mês na Netflix: 85 minutos de risadas ininterruptas

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Nem todos os dias nos despertam com a sensação de estarmos plenamente vivos. Há manhãs em que o peso da existência parece sufocar, enquanto a sombra da morte espreita, drenando nosso ânimo e envenenando o ar que respiramos com esforço. Nessas horas, é como se o desespero se espalhasse lentamente, tingindo o mundo ao nosso redor de uma tonalidade cinzenta, severa e impregnada do cheiro amargo da inevitabilidade. Todos nós — sem distinção de idade ou gênero — nos encontramos, em algum grau, presos na intricada teia da vida, dependentes uns dos outros. Contudo, chega o momento em que forças que não controlamos começam a agir contra nossos desejos, nos empurrando para abismos pessoais dos quais mal conseguimos escapar. O filme “Morte no Funeral”, dirigido por Neil LaBute, aborda a morte por um viés inusitado: o do absurdo. Diferente do remake de Frank Oz para o filme britânico homônimo de 2007, LaBute se afasta do convencional e adota uma abordagem onde o que prevalece é o nonsense — assim como a própria morte, que muitas vezes escapa à compreensão. O diretor, portanto, enche sua versão com situações absurdas, como se buscasse encontrar no caos uma aparente normalidade.

Dentro de cada família, existe uma dinâmica única, onde sentimentos como o amor só florescem se todos os envolvidos estiverem dispostos a aceitá-lo. Mesmo que apenas um indivíduo se esforce para compartilhar o que tem de melhor, é comum que suas tentativas se desgastem com o tempo, especialmente quando os laços que deveriam fortalecer são ignorados ou desfeitos. A convivência familiar, seja com aqueles que compartilham nosso sangue ou com aqueles cuja presença se reflete em nós como um espelho, pode facilmente se transformar em um campo minado de tensões e desentendimentos. Quanto mais envelhecemos, mais a vida se revela como uma sequência incessante de desafios. Cada etapa superada traz a próxima, e assim sucessivamente, até que essas inúmeras provações, que parecem testar nossa resiliência, se tornem a essência do que somos. Nossa habilidade de suportar a incerteza é, talvez, o traço mais autêntico que possuímos. Essa incerteza destrói os planos mais banais, arranca de nós o que julgamos ser mais valioso e lança uma sombra implacável sobre nossas tentativas de encontrar significado. O luto, em especial, é um momento em que essas verdades cruas da vida se manifestam com intensidade. Um velório, como no filme, é o cenário perfeito para que segredos perturbadores venham à tona — como o relacionamento oculto do pai falecido com outro homem, o desespero de uma esposa para engravidar, e o caos que se instala quando um convidado ingere acidentalmente drogas alucinógenas, pensando serem tranquilizantes. A sequência de acontecimentos já seria trágica por si só, mas o ápice escatológico no terceiro ato do filme eleva o constrangimento a um nível difícil de suportar, sem, contudo, arrancar risadas genuínas.


Filme: Morte no Funeral
Direção: Neil LaBute
Ano: 2010
Gêneros: Comédia/Drama
Nota: 7/10